Abstract

RESUMO Hans-Georg Gadamer retomou e elevou a atividade hermenêutica ao status de filosofia. Uma das suas idiossincrasias consiste em entrelaçar, no seu discurso, experiências de ordem ética, política, metafísica e estética. A hermenêutica filosófica pauta-se pela prática do diálogo sobre questões relativas ao pensar e à conduta humana. O presente artigo tem por meta realizar um exercício dialógico entre o projeto filosófico de Gadamer e o pensamento oriental - mais especificamente, o budismo zen da tradição da escola de Kyoto, representada pelo pensamento de Nishida Kitarō. Nossa reflexão será articulada sobre quatro momentos distintos, mas que devem ser tomados dialeticamente: inicialmente, apresentaremos um quadro geral, indicando o estado da questão da hermenêutica gadameriana relativo ao pensamento oriental; a seguir, sustentaremos as semelhanças sobre o modo de proceder de ambas, sua metodologia dialética; posteriormente, aprofundaremos a noção fundamental de experiência e as proximidades que permeiam as perspectivas de ambas as tradições; enfim, como implicação das reflexões precedentes, sustentaremos a hipótese de um saber intuitivo enquanto experiência e ação intuitivas. Ao final, apontaremos algumas conclusões instauradas a partir desse exercício dialógico para a prática filosófica.

Highlights

  • A hermenêutica filosófica gadameriana nutre-se da concepção originária de filosofia que entrelaça experiências de ordem ética, política, metafísica, estética, próprias da tessitura dos textos platônicos

  • Enquanto Gadamer retoma e concebe a linguagem como um medium que possibilita o sujeito compreender de modo mais apropriado o real e de expressar a verdade, Nishida defende a necessidade de purificar a consciência do sujeito para torná-lo capaz de ver diretamente, acessar imediatamente, a coisa mesma

  • Para Nishida, “tal ‘conhecimento’ não é suscetível à expressão em termos objetivos ou subjetivos” e “sua expressão não objetiva substituir nem simplesmente suplementar a linguagem de sujeitos e objetos, mas exprimir uma consciência das limitações de tudo que podemos compreender e dizer por conta da dicotomia que realizamos entre o eu e o mundo” (Heisig, 2001, p. 56)

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Summary

Introduction

A hermenêutica filosófica gadameriana nutre-se da concepção originária de filosofia que entrelaça experiências de ordem ética, política, metafísica, estética, próprias da tessitura dos textos platônicos. Trata-se de uma experiência existencial, histórico-efeitual e de finitude, por meio da qual o ser humano compreende a si mesmo e à sua realidade circundante em uma espécie de meditação, de exercício espiritual, ao modo de uma adequação memorial interiorizante [Erinnerung], um movimento dialético de consciência de si que se abre ao outro.

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