Abstract
O presente artigo apresenta o debate sobre a teologia política entre Carl Schmitt e Erik Peterson sob a forma de uma estrutura dialéctica. Afirmando a decisão do soberano como uma secularização do milagre, a defesa por Carl Schmitt da soberania é apresentada como o momento afirmativo da teologia política. Ao invés, a negação da possibilidade de uma teologia política cristã, por Erik Peterson, aparece como a sua contraposição dialéctica. Ao opor-se a esta possibilidade, na recusa da teologia política imperial proposta por Eusébio de Cesareia, Peterson confronta-se com a concepção por Carl Schmitt de uma Igreja baseada na autoridade infalível do Papa. Erik Peterson, no entanto, estabelece um abismo entre teologia e política, tornando toda a teologia não política. Agamben parece, por seu lado, tenta pensar não uma teologia não política, mas uma teologia que torne possível uma política contra a política teológico-política. É este o sentido de uma teologia económica – uma afirmação da negação – a qual, no entanto, parece permanecer insuficiente.
Highlights
The present paper approaches the debate between Carl Schmitt and Erik Peterson on political theology in the form of a dialectical structure
Na frase lapidar que abre o terceiro capítulo de Teologia Política, proclamando que “[...] todos os conceitos marcantes da moderna doutrina do Estado são conceitos teológicos secularizados.” (SCHMITT, 1934, p. 45, tradução nossa)1, Schmitt afirma um modo de pensar os conceitos políticos a que, de uma forma que não foi isenta de ambiguidades, chamou teologia política
Segundo Schmitt (1996), a rejeição por Peterson da teologia política, a lenda da sua incompatibilidade com a religião cristã, surge do ímpeto político de libertar a Igreja de uma relação com o poder
Summary
O tema da possibilidade de uma teologia política no âmbito cristão foi motivo de uma controvérsia que, ao longo do século XX, se arrastou por cinquenta anos. Se Schmitt afirmara a teologia política a partir da afirmação da possibilidade de compreender os conceitos políticos e jurídicos como conceitos teológicos secularizados, Peterson coloca-se, em contraposição a esta afirmação, numa posição de negação da teologia política. É diante da afirmação da teologia política por Schmitt e da sua negação por Peterson que Giorgio Agamben, nos seus trabalhos em torno do projecto filosófico que intitulou Homo Sacer, se procura situar no plano de uma espécie de superação dialéctica. O presente trabalho discutirá precisamente se é possível encontrar nesta afirmação da negação da teologia política – naquilo a que Agamben chama uma teologia económica – uma verdadeira resolução do embate entre afirmaçã0 e negação da teologia política, situando-se, nessa medida, no plano de uma superação dialéctica da confrontação da controvérsia entre Schmitt e Peterson em torno da sua possibilidade
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have