Abstract

O advento da pandemia do vírus da Covid-19 provocou um problema tormentoso para as democracias ao redor do planeta. Alguns governantes, escorando-se no Efeito Rally-round-the-Flag, aproveitaram o momento de excepcionalidade para incrementar os próprios poderes executivos tornando-os ainda mais exorbitantes, ao passo que outros assumiram uma postura negacionista em relação à ameaça global representada pelo vírus perdendo a oportunidade de se apresentarem como protetores da população e, assim, forjar algum tipo de unidade nacional. O objetivo do artigo consiste em analisar como três lideranças políticas relevantes e de recorte autoritário adotaram estratégias distintas de enfrentamento da pandemia, abraçando ou desprezando o Efeito Rally-round-the-Flag, bem como as consequências políticas de tais decisões. Nossa hipótese é a de que as lideranças escrutinadas no trabalho que desprezaram a estratégia Rally-round-the-Flag Effect foram mal sucedidas no combate à pandemia pagando um alto preço político por isto, o que não aconteceu com quem a adotou. Nesse sentido serão examinados criticamente os casos dos governos Donald Trump, Jair Bolsonaro e Viktor Orbán em face do tema proposto. O método empregado consiste em confrontar os três modelos de governança no combate à pandemia com a literatura em ciência política, sobretudo a que trata do Efeito Rally-round-the-Flag e das chamadas democracias iliberais considerando o perfil autoritário das mencionadas lideranças. A principal conclusão mostra que a estratégia negocionista de Trump e Bolsonaro resultou em fracasso pelo elevado número de mortes decorrentes da pandemia e frustrou seus eventuais planos de erosão democrática das instituições, enquanto Orbán, adotando a postura de protetor da população sob o manto do Efeito Rally-round-the-Flag, ampliou ainda mais seus poderes executivos.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call