Abstract

Trata-se de reflexão sobre a assistência a saúde de pessoas transexuais no SUS, tendo como aspecto central o Processo Transexualizador - modelo assistencial que compõe a política de saúde brasileira incluindo procedimentos e condutas profissionais de diferentes graus de complexidade e diversidade técnica, como parte da assistência em saúde destinada a pessoas transexuais. Parte-se de autores vinculados ao paradigma da reforma sanitária, ao debate de gênero e ao campo marxista. O estudo se deu por meio de levantamento bibliográfico e documental, bem como por observação participante. Discute-se nesse artigo os limites do programa frente à contrarreforma do Estado no âmbito da saúde, que com o sistemático desfinanciamento e desresponsabilização por parte dos governos, deixam parcelas significativas desses sujeitos à margem de cuidados básicos e com suas demandas específicas de saúde negligenciadas ou atendidas de forma insuficiente na maior parte dos estados e municípios do país. Não obstante o marco normativo que fundamenta a importância do processo transexualizador no SUS é preciso considerar que as disputas em torno da oferta pública estatal das políticas de saúde configuram uma realidade que marca a história do Brasil. Um país em que a luta pelo direito universal a saúde é uma pauta persistente e nunca plenamente contemplada. Assim, a contrarreforma do Estado nos anos 90, trará impactos para o setor saúde que irão acentuar os desafios de um campo já muito disputado, resultando em determinações limitantes para o próprio setor, e mais especificamente para as ações relativas ao processo transexualizador.

Highlights

  • Nossa intenção nesse artigo é refletir sobre os limites do processo transexualizador e da assistência à saúde de pessoas transexuais no Brasil, tentando apontar os desafios impostos ao campo da seguridade social, em especial ao Sistema Único de Saúde, em um contexto de contrarreforma do Estado num país de capitalismo dependente na atual fase imperialista do Capital

  • It is a reflection on the health care of transsexual people in SUS, having as central aspect the Transexualizador Process - care model that composes the Brazilian health policy including professional procedures and conduct of different degrees of complexity and technical diversity, as part of health assistance for transgender people

  • It starts with authors linked to the health reform paradigm, to the gender debate and to the Marxist field

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Summary

Introdução

Nossa intenção nesse artigo é refletir sobre os limites do processo transexualizador e da assistência à saúde de pessoas transexuais no Brasil, tentando apontar os desafios impostos ao campo da seguridade social, em especial ao Sistema Único de Saúde, em um contexto de contrarreforma do Estado num país de capitalismo dependente na atual fase imperialista do Capital. Buscamos apontar como esses determinantes (capitalismo dependente, capital imperialista e contrarreforma do Estado brasileiro) atravessam a configuração das políticas públicas de saúde, corroendo desde dentro a constituição de uma política de atenção às necessidades especificas de pessoas que se auto identificam como travestis ou transexuais, fazendo com que o processo transexualizador tenha as características que hoje apresenta. Nessa direção é necessário considerar a formação sócio histórica e cultural brasileira tendo em vista que no Brasil as particularidades de nossa constituição enquanto sociedade é atravessada por elementos como racismo, mandonismo, patrimonialismo, elitismo, moralismo que a todo momento circulam entre os espaços públicos e privados e muitas vezes se materializam nas disputas em torno da constituição das políticas públicas, fazendo que algumas políticas “peguem” e outras não, algumas sejam privilegiadas e outras rechaçadas, como parece ser o caso das políticas com o recorte da diversidade sexual e de gênero, sobretudo, as voltadas para pessoas transexuais e travestis

Metodologia
Discussão
Considerações finais
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