Abstract
O objetivo do presente trabalho consiste em compreender a relação entre os elementos gótico, fantástico e naturalista no conto Demônios, de Aluísio Azevedo, no qual retrata-se a trajetória do narrador/ personagem, no Rio de Janeiro permeado pela escuridão e silêncio, ambientação notadamente marcada por lama, lodo e pessoas mortas. Além disso, busca-se apontar a posição do conto no contexto da literatura brasileira do final do século XIX. Para tanto, no primeiro momento, busca-se inserir o conto Demônios no contexto literário brasileiro do século XIX com o objetivo de destacar sua excepcionalidade. Em seguida, aborda-se como os elementos românticos, góticos e fantástico são construídos visando reforçar as principais tópicas do Naturalismo. Por fim, propõe-se uma interpretação alternativa às principais existentes no texto – como a exaltação do amor romântico e do escapismo –, as quais tornam Demônios como marginal em relação à obra caracterizada como canônica, além da crítica literária tomar sua construção como “falha de composição”, o que atrapalha a caracterização de seu naturalismo. A presente pesquisa conclui que os aspectos românticos não são subterfúgios estéticos ou falhas de composição, mas sim recursos estético-literários utilizados para ressaltar posições filosófico-literárias do próprio naturalismo.
Highlights
Abstract: the aim of this work is to understand the relationship between the gothic, fantastic and naturalist elements in the tale Demons by Aluísio Azevedo, in which the narrator/character’s trajectory is portrayed in Rio de Janeiro permeated by darkness and silence, notably marked by mud, silt and death people
Percebe-se, assim, que novamente a existência do gótico é ignorada e nisso se dá a importância desta pesquisa, a qual se propõe a ampliar as discussões sobre aspectos esquecidos nos debates literários, além de apresentar uma nova proposta interpretativa que percebe em todos os recursos aplicados à redução do homem aos extintos primários
Sombras no romance experimental: o decadentismo de Aluísio Azevedo
Summary
Em oposição aos moldes classicistas, a produção literária do século XIX no Brasil é construída pelo movimento romântico, o qual se destaca pelo individualismo e liberdade estética. A crítica literária brasileira demonstra dificuldade em assentir sobre tal similitude, pois considera os textos góticos como imitações dos padrões europeus, os quais não visam o patriotismo estético e, portanto, são tratados à margem. Aluízio Azevedo, escritor maranhense canonizado pela obra O Cortiço, apresenta essa convergência entre romantismo e gótico no conto Demônios, o qual é permeado por aspectos românticos dado o sentimentalismo exacerbado entre o jovem escritor e a sua noiva Laura; góticos ao ambientar a narrativa; fantásticos pela incerteza que causa no leitor em relação à realidade dos fatos e naturalistas por meio do determinismo e cientificismo presentes em tal texto, questões a serem tratadas pormenorizadamente a seguir. Ainda que o conto expresse uma produção inusitada, “o espaço a ele destinado nas histórias da literatura brasileira nos mostra o quanto esse gênero foi pouco examinado e freqüentemente subestimado pela crítica literária e pelo leitor comum.” (CARVALHO, 2011, p.4). Percebe-se, assim, que novamente a existência do gótico é ignorada e nisso se dá a importância desta pesquisa, a qual se propõe a ampliar as discussões sobre aspectos esquecidos nos debates literários, além de apresentar uma nova proposta interpretativa que percebe em todos os recursos aplicados à redução do homem aos extintos primários
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have
Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.