Abstract
Este trabalho analisa o tópico da morte na obra dos poetas brasileiros Augusto dos Anjos e Manuel Bandeira, levando em consideração os procedimentos estéticos marcantes dos seus estilos. Procura-se entender como esses poetas constroem um discurso sobre a morte e suas implicações, como a angústia que acompanha a vida. O lirismo no uso poético da temática mórbida é um ponto de encontro primordial dos dois poetas; mas, como veremos, as possibilidades de aproximações e afastamentos entre dos Anjos e Bandeira não se resumem à escolha do tema ou do gênero. O primeiro recorre à linguagem parnasiana e às referências simbolistas para se expressar mas, ao fundamentar sua obra na influência do cientificismo para explicar a morte e a decomposição da matéria, escapa à reverência mística. O segundo opera frequentemente sob a chave da melancolia o fazer poético mas, à medida que sua poesia, tornando-se mais e mais moderna, dissolve o ritmo e as demais categorias da poética tradicional, tornando-a próxima da prosa, apresenta duas tendências recorrentes de reflexão sobre a falta e a finitude – o abatimento da morte sobre o eu e a ausência do outro –, bem como, usando de metáforas e figurações da morte surpreendentes e irreverentes, desafia seu poder. Para tal, são utilizados os estudos críticos sobre os autores, em especial as contribuições de Arrigucci Jr. (1987, 1990); Gullar (2016); Paes (1985, 2003); Prado (2004); Rosenbaum (2002); Rosenfeld (1996).
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