Abstract

A partir da década de 1980, para as frações mais débeis dos grupos subalternos urbanos na Argentina, o bairro torna-se espaço vital – o único – de ação e organização política. Este artigo pretende analisar as significativas mudanças que o surgimento e o desenvolvimento dos Movimentos de Trabalhadores Desempregados (piqueteiros), a partir de meados dos anos 1990, operam na ação e no pensamento político desses setores populares, ainda que o bairro siga sendo a espinha dorsal da organização política desses grupos. Avaliamos que os MTD argentinos expressam, de forma significativa, várias facetas da reconfiguração da relação entre capital e trabalho no capitalismo contemporâneo (pós-1970) As reflexões apresentadas aqui derivam de nossa pesquisa de doutorado, cujas fontes foram documentos produzidos por MTD – jornais, periódicos, panfletos, comunicados – e entrevistas temáticas e de história de vida realizadas com trabalhadores desses movimentos.

Highlights

  • Since the 1980s, in Argentina, the neighborhood becomes the vital space – the only one – of political action and organization for the most fragile fractions of subaltern groups

  • This article intents to analyze the significant changes that the raise and development of the Unemployed Workers Movements operate, since the late 1990s, in the political action and thought of this popular sectors, even though the neighborhood still remains the backbone of their political organization

  • We understand that the Argentinean Movimentos de Trabalhadores Desempregados (MTD) express, in many ways, multiple aspects about the reconfiguration of the relation between labor and capital in contemporary capitalism

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Summary

Características gerais dos MTD

A variedade de tendências políticas no seio do movimento de trabalhadores desempregados argentino é patente. Em meio a esse crisol de trajetórias laborais e políticas, as organizações piqueteiras conseguiram construir uma experiência que acabou por definir um repertório de ação comum, segundo Svampa e Pereyra (2004), erigido em torno de quatro eixos: os próprios piquetes; a dinâmica decisória de assembleia; a inscrição territorial e as puebladas (mobilizações massivas das comunidades onde se assentam os movimentos como forma de pressão contra o Estado). Massetti chama a atenção para outro importante aspecto do piquete: se no interior ele representa a capacidade de emergência simbólica de ações políticas, a partir de pequenos povoados do interior argentino, nos grandes centros urbanos ele traveste o outro lado do caráter de “inscrição territorial”, ao romper a “muralidade” imposta aos grupos subalternos que habitam as vilas de emergência e bairros pobres das cidades. Cf. FERRARA (2003) sobre a função de sociabilização do piquete

Para além do piquete
Os piqueteiros e a ressignificação da inscrição territorial
Considerações finais
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