Abstract

O artigo propõe-se analisar a presença do mito de Cisso na obra literária (prosa, drama e poesia) de Federico García Lorca, com especial ênfase na conferência La imagen poética de don Luis de Góngora, na peça teatral El Público e nos poemas “Cisso” e “Apunte para una oda”. O estudo pretende revisar algumas das possíveis fontes que balizam a iconografia literária do mito em questão na obra de Lorca, interpretando-as por duas vertentes complementares: a análise diacrónica proposta por Rafael Martínez Nadal (marcada pela herança barroca e renascentista) e a análise sincrónica, proposta a partir dos estudos sobre a presença da filosofia de Nietzsche na obra de Lorca, bem como a partir do particular processo de mitologização levado a cabo pelo poeta andaluz.

Highlights

  • R considerações sobre cisso na obra de Federico García Lorca barroco, a alusão

  • This paper proposes to analyse the occurrence of the myth of Cisso in Federico García Lorca’s literature, emphasizing on the conference La imagen poética de don Luis de Góngora, the play El Público and the poems “Cisso” and “Apunte para una oda”

  • Cisso volta a comparecer na escrita de Lorca num poema de publicação recente, que se chama mesmo assim, “Cisso”, aparentemente inacabado e sem data de composição precisa

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Summary

Góngora 1998

Trata-se do segundo quadro da peça teatral El público, que faz parte do ciclo nova-iorquino de García Lorca e que plasma a sua proposta mais radical, até ali, de rutura estética com o cânone dramático espanhol: Ruina romana. Cubierta de Cascabeles dorados, danza en el centro de la escena. Pelo cotejo entre El público e a leitura que faz Lorca da “Soledad Segunda”, observamos que a Figura de Pámpanos corresponde a Dionísio (o deus “que en pámpanos desmiente/ los cuernos de su frente”) e que a de Cascabeles (adereço identificado tanto com o universo pastoril como com a dança dos sátiros e bacantes8) alude a Cisso. A identificação de Dionísio com a figura do “macho cabrío” acaba por converte-se, no contexto de El público, numa espécie de máscara social com a qual a personagem tenta ocultar o desejo homossexual, argumento central da peça

García Lorca 1997
García Lorca 1995
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