Abstract

Resumo: Há toda uma série de coincidências e choques entre o passado e o presente em Cavalo Dinheiro (Pedro Costa, 2014) que emergem na forma de glossolalia, com vozes que transportam memórias de todo o lado, de todo o tempo. Em Vitalina Varela (Pedro Costa, 2019), aí é a voz de Vitalina (Vitalina é agora a pessoa e a ‘personagem’ do filme, uma cabo-verdiana que chega a Portugal dias depois do funeral do seu marido) que se imprime através do filme, e que lhe muda decisivamente o sentido quando conta uma história (uma longa história, como são sempre as histórias da experiência). Há uma diferença entre os seus sussurros em Cavalo Dinheiro e aqui, no filme que tem o seu nome. É nossa intenção descrever estes filmes tirando consequências do conceito de “imagem-sonora” apresentado em A Imagem-Tempo, de Gilles Deleuze. É um conceito que tem em vista uma separação, uma disjunção, ou uma sobreposição estratigráfica entre ver, ou ouvir, e falar — “os exemplos mais completos da disjunção ver-falar podem ser encontrados no cinema” — que julgamos estar no centro da política e da estética de Pedro Costa. Palavras-chave: Imagem-sonora. Forma humana. Forma política. Pedro Costa.

Highlights

  • There are all kinds of coincidences and clashes between the past

  • that emerge in a form of glossolalia

  • with voices bringing back memories

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Summary

Introduction

De muitas pessoas, sons de portas de ferro que são abertas e que são fechadas, som de água que corre; sons ao longe, que acompanham, vozes de crianças, cães, e sempre as vozes que sussurram, que falam em segredo (é crioulo cabo-verdiano), e sussurram porque é assim que se fala aos espíritos, quanto mais baixo mais os espíritos podem ouvir e eventualmente responder... E vozes que enumeram, dizem uma coisa, acrescentam outra coisa, acrescentam outra ainda...

Results
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