Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar as paixões de afeto entre casais idosos em consonância com formas de vida específicas que se contrapõem a imagens e imaginário da manifestação figurativa e visual da velhice. Para tanto, tomamos como empírico que articula nosso raciocínio o projeto de Ari Seth Cohen intitulado Advanced Love (2018), que retrata e entrevista casais representativos de diversos gostos estéticos, reproduzindo na vestimenta, na corporalidade e nas suas falas uma partilha sensível da vida em comum encarnada em várias materialidades. O conjunto fotografado coloca de início o pressuposto de um debate que divide os sujeitos pela tríade do excesso, meio termo e falta. Historicamente, o meio termo aparece como a marca do equilíbrio, do bom senso e do bom gosto (ou bom tom), como já enunciava Aristóteles na Ética a Nicômaco, reportando-se a vários segmentos da vida. No empírico examinado, rompe-se com essa visão unificada de um "bom gosto" ou "bom senso" que deveria ser partilhado pelas pessoas idosas. O projeto de Cohen obriga, ao contrário, a repensá-los em termos que suplantam as adequações sociais do amor e dos modos de se darem a ver e aponta para um encontro modulado e de coexistência. O raciocínio teórico-analítico de abordagem do corpus articula-se com postulados da semiótica discursiva em alguns de seus desdobramentos: análise figurativa e plástica da imagem, estudos das práticas interacionais e das formas de vida em suas diversas instâncias de integração, de signos, estratégias, práticas e experiências vividas.

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