Abstract

A questão da consideração da biologia como politica, como biopolítica, tem um particular campo de observação e estudo que é o colonialismo. Através da consideração das reflexões do filosofo Giorgio Agamben, abordaremos a forma como a vida nua é recebida na soberania colonial, e como esse processo de receção é revelado na tessitura histórica, nomeadamente através da imagem, com o particular método de YERVANT GIANIKIAN E ANGELA RICCI LUCCHI aplicado à análise de footage produzida pelo aparelho militar colonial português, nomeadamente os filmes de propaganda do lusotropicalismo. Estas metodologias dão-nos referências para a identificação na modernidade da ambivalência histórica dos arquivos e das imagens de arquivo. O seu trabalho de manipulação criativa de imagens aponta um caminho interessante que, em diálogo com a produção académica, torna os métodos artísticos um elemento fundamental dos processos de análise dos discursos, seja qual for o seu suporte.

Highlights

  • A questão da consideração da biologia como política, como biopolítica, tem um particular campo de observação e estudo que é o colonialismo

  • True the reflexions of the philosopher Giorgio Agamben we will approach the way how the naked life is integrated in the colonial sovereignty, and how that process of integration is revealed in the historic fabric, especially true the image, whit the singular method of YERVANT GIANIKIAN E ANGELA RICCI LUCCHI applied to the analyse of footage produced by the Portuguese military and colonial apparatus, the propaganda films about the lusotropilismo

  • REYNOLDS, Glenn (2007) – “From red blanket to Civilization”: Propaganda and recruitment films for South Africa’s Gold Mines, 1920-1940”, in Journal of Southern African Studies, Vol 33, n.o 1, março

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Summary

Eduardo António Margarido

Eduardo António Margarido, Investigador do Instituto de Comunicação da FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Poderíamos colocar a hipótese de esta contradição discursiva ser apenas aparente, o que se pretende, afinal, demonstrar é a desesperança da vida nua, hostil, que a civilização irá moldar, hipótese que tem algum acolhimento nas sequências seguintes em que (apesar de não serem mostrados em grande plano outros rostos) a representação dos corpos e dos gestos dos homo sacer é feita no quadro de integração na bios (na que é tolerada) demonstrada pela adoção dos artefactos simbólicos da soberania (as vestes e a dança), como veremos. Como refere Glenn Reynolds a propósito dos filmes das companhias mineiras sul-africanas para recrutar trabalhadores (Reynolds, 2007), a vida tradicional não é hostilizada enquanto suporte da sobrevivência (as lavras não se alteram) mas não é suficiente enquanto pressuposto de civilização, que aqui está diretamente correlacionada com a visão do mundo do homem branco, da ordem das ruas e das casas, da sua medicina (o contraste entre as chagas dos pés e as consultas médicas) e de uma vida mais fácil (a água canalizada). O audiovisual militar desempenhou, através deste discurso fílmico difusor destas disciplinas e desta polis excludente, um papel determinante na colonização das mentes que, como podemos constatar com Franz Fanon, foi e é um dos principais instrumentos da subjugação do negro pelo colonialismo e pelo neocolonialismo

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