Abstract

O objetivo do artigo é discutir como os corpos que servem de suporte para a construção da materialidade dos "crimes de pornografia infantil" são construídos/materializados em face do olhar investigativo policial. Partindo do pressuposto de que não existe uma realidade corporal pré-discursiva sobre a qual se realiza a construção social, sugiro que as operações analíticas realizadas em relação ao sexo/gênero podem ser utilizadas para compreender a artificialidade da divisão entre maturidade sexual fisiológica (puberdade) e social e, de modo mais amplo, o processo de diferenciação e identificação visual dos corpos quanto aos atributos físicos de idade. Essas formulações conceituais ganham materialidade na descrição etnográfica das análises policiais que definem as imagens que podem ser classificadas como "pornográficas" e os corpos que podem ser identificados como "infantis", explicitando como o olhar detetivesco constitui a materialidade do crime e a materialidade dos corpos reciprocamente, produzindo assim os corpos que governa.

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