Abstract

Cuphea melvilla é uma espécie peculiar dentro de um gênero majoritariamente melitófilo. Dois agrupamentos de indivíduos, em bordas das matas de galeria do Córrego do Panga, Uberlândia, MG, foram estudados com o objetivo de investigar o sistema de polinização e sistema de reprodução da espécie na região. O estudo foi realizado de janeiro a junho de 1999. Cuphea melvilla é uma espécie arbustiva com características morfológicas e eventos florais que confirmam sua adaptação à polinização por beija-flores. A floração foi longa, com início em Janeiro, em plena estação chuvosa, e término em Julho, no início da seca. O tubo floral formado pelo hipanto é calcarado na base, onde se acumula o néctar produzido por nectário localizado na base do ovário. As flores são marcadamente protândricas, mas flores em diferentes fases podem ser encontradas nos racemos. Os dados mostraram que a espécie é autocompatível e não apomítica, mas devido à dicogamia marcada, necessita polinização ativa para formar frutos. Phaethornis pretrei, Amazilia fimbriata, Thalurania furcata, Eupetomena macroura e Chlorostilbon lucidus (fêmea) foram as espécies de beija-flores observadas visitando e polinizando as flores de C. melvilla. Amazilia fimbriata e C. lucidus apresentaram ocasionalmente comportamento territorial, P. pretrei apresentou forrageamento em linhas de captura, e T. furcata e E. macroura apresentaram forrageamento do tipo oportunístico, visitando as populações estudadas esporadicamente. Amazilia fimbriata, C. lucidus e P. pretrei foram considerados os polinizadores mais importantes, dada a sua constância. As características morfológicas das flores de Cuphea melvilla relacionadas a adaptações aos beija-flores parecem ser derivadas no gênero, sendo que a polinização por beija-flores nas distintas seções indica adaptação convergente a este modo de polinização.

Highlights

  • a Cerrado species pollinated by hummingbirds

  • which occur on the edge of gallery forests

  • Cuphea melvilla is a shrub with floral features adapted to

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Summary

Ana Flávia de Oliveira Melazzo e Paulo Eugênio Oliveira

A adaptação de flores à polinização por diferentes grupos de animais parece ter sido importante para evolução das angiospermas de uma maneira geral e para as plantas tropicais em particular. A adaptação à polinização por beija-flores envolveu mudanças morfológicas relativamente recentes e parece ter acontecido independentemente várias vezes em determinados grupos de plantas americanas (Stiles 1981; Wilson et al 2006; Wolfe et al 2006). A evolução da ornitofilia em Cuphea ainda é pouco estudada, mas a presença de espécies com características ornitófilas em diferentes seções do gênero (Graham 1998a) sugere polifilia e possível homoplasia na adaptação à polinização por beija-flores. O conhecimento do papel dos beija-flores e das adaptações à ornitofilia, neste gênero basicamente melitófilo, pode ser importante para o entendimento da inter-relação entre os beija-flores e plantas ornitófilas de uma maneira geral. O presente trabalho teve como objetivos o estudo da biologia floral e reprodutiva de Cuphea melvilla, examinando as características morfológicas e reprodutivas da espécie e sua relação com o comportamento dos beija-flores visitantes

Material e métodos
Autopolinização manual
Findings
Referências bibliográficas
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