Abstract

O cultivo protegido na cultura da videira apresenta-se como uma alternativa na diminuição da incidência de doenças fúngicas em regiões que apresentam excesso de chuvas. A utilização de cobertura plástica sobre as linhas de cultivo da videira ocasiona modificações no microclima ao redor da planta, principalmente pela ausência de água livre sobre folhas e frutos. Estas alterações propiciam condições desfavoráveis ao desenvolvimento de doenças fúngicas, com a menor necessidade do uso de fungicidas, como as podridões de cachos, que atualmente são um dos maiores problemas no controle fitossanitário, em regiões produtoras tradicionais, como a Serra Gaúcha. Todavia, o oídio da videira que outrora não apresentava incidência em condições de alta umidade relativa, em condições de cultivo protegido, deve ser monitorado. Outro aspecto que merece cautela é o uso de fungicidas, pois destaca-se que, pela redução de radiação ultravioleta e ausência de chuvas sobre os cachos, devido ao uso da cobertura plástica, o período residual dos fungicidas é prolongado. Este maior acúmulo é preocupante, tanto nas uvas destinadas ao consumo in natura, que afeta diretamente o consumidor, quanto às destinadas à vinificação, que prejudica a atuação das leveduras na fermentação dos vinhos. De forma geral, a tecnologia de cobrimento dos vinhedos é eficaz no controle de doenças fúngicas e na redução do uso de fungicidas, contudo deve ser considerada como um novo sistema de produção, principalmente por exigir um manejo fitossanitário distinto em relação ao cultivo convencional. Os plásticos de cobertura, usados, devem ser considerados resíduo agrícola, exigindo cuidados específicos para que seja evitada contaminação ambiental.

Highlights

  • The protected cultivation of grapes is an alternative to reduce the incidence of fungal diseases in regions with excess rainfall

  • Devido a estas características climáticas, é observada com frequência a realização de colheitas antecipadas, em comparação ao ponto ideal de maturação

  • Desta forma, nos dois anos avaliados, além da diminuição dos gastos com fungicidas na área coberta, tanto o produtor como o ambiente tiveram uma redução de aproximadamente 15 vezes no nível de exposição e de contaminação por estes produtos, o que pode viabilizar a produção orgânica de uvas (CHAVARRIA et al, 2007a)

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Summary

Incidência de doenças fúngicas e necessidade de controle

No cultivo convencional a céu aberto de uvas Vitis vinifera no Rio Grande do Sul, são realizadas, em média, 14 pulverizações com fungicidas (SANTOS; CHAVARRIA; 2012), sendo que 8 a 10 são efetuadas para o controle do míldio (Plasmopara viticola) (MENDES, 2002). Salienta-se que, pelas condições microclimáticas abaixo da cobertura, as duas aplicações realizadas no primeiro ciclo para oídio foram feitas apenas nos focos de ocorrência e não em toda a área, com total eficácia de controle. Desta forma, nos dois anos avaliados, além da diminuição dos gastos com fungicidas na área coberta, tanto o produtor como o ambiente tiveram uma redução de aproximadamente 15 vezes no nível de exposição e de contaminação por estes produtos, o que pode viabilizar a produção orgânica de uvas (CHAVARRIA et al, 2007a). Avaliando a incidência de doenças fúngicas (% de cachos infectados e % de bagas infetadas por cacho) na cultivar Moscato Giallo sob cobertura plástica, em dois anos, Chavarria et al (2007a; 2007b) observaram uma diminuição significativa na incidência de podridões de cacho nos dois ciclos estudados, em relação ao cultivo sem cobertura, atingindo, em média, 64,09% e 32,62%, respectivamente, para os ciclos de 2005/2006 e 2006/2007. O sombreamento, associado às condições de restrição hídrica e à elevação das temperaturas ocasionadas pelas coberturas plásticas, pode favorecer o surgimento deste fungo (GRIGOLETTI JÚNIOR;SÔNEGO, 1993)

Resíduos de fungicidas
Interferência na qualidade enológica
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