Abstract

Em junho de 1941, uma Jornada de Psicologia e História do Trabalho e das Técnicas foi organizada em Toulouse com a participação de importantes representantes das ciências sociais francesas do entreguerras (Marc Bloch, Lucien Febvre, Marcel Mauss, Georges Friedmann, Ignace Meyerson, entre outros). Esse encontro se constituiu como um dos raros momentos de reflexão coletiva realizado pelas ciências sociais republicanas sob o regime de Vichy, quando elas se tornaram alvo de violentas acusações. Esse colóquio de 1941 representa, assim, um esforço de reafirmação do papel social e político das ciências sociais universitárias herdeiras da tradição durkheimiana: em um contexto de forte politização e à medida que era preciso defender esse projeto, ele se tornou manifesto pelo modo de organização das ciências e dos saberes que implica, pelo olhar que dirige sobre a crise social e política bem como pelas afinidades que mantém com a ideologia do progresso.

Highlights

  • Defesa de uma configuração de saberesA iniciativa dessa Jornada de estudos de junho de 1941 sobre “o trabalho e as técnicas” veio de Ignace Meyerson[11] (1888–1983), psicólogo hoje conhecido pelo programa marxista em “psicologia histórica” que ele desenvolverá, após a Segunda Guerra Mundial, com seu aluno e amigo Jean-Pierre Vernant, quando os dois se tornaram membros do Partido Comunista francês.

  • Em outubro de 1940, Ignace Meyerson foi transferido da École Pratique para a Universidade de Toulouse, onde se instalou depois da derrota; em dezembro do mesmo ano, foi exonerado de seu posto pela aplicação das leis raciais de Vichy.

  • Essa Sociedade de Estudos Psicológicos tornou-se, segundo os termos de Jean-Pierre Vernant, um “centro de vida intelectual livre em uma zona não ocupada”.

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Summary

Defesa de uma configuração de saberes

A iniciativa dessa Jornada de estudos de junho de 1941 sobre “o trabalho e as técnicas” veio de Ignace Meyerson[11] (1888–1983), psicólogo hoje conhecido pelo programa marxista em “psicologia histórica” que ele desenvolverá, após a Segunda Guerra Mundial, com seu aluno e amigo Jean-Pierre Vernant, quando os dois se tornaram membros do Partido Comunista francês. Em outubro de 1940, Ignace Meyerson foi transferido da École Pratique para a Universidade de Toulouse, onde se instalou depois da derrota; em dezembro do mesmo ano, foi exonerado de seu posto pela aplicação das leis raciais de Vichy. Essa Sociedade de Estudos Psicológicos tornou-se, segundo os termos de Jean-Pierre Vernant, um “centro de vida intelectual livre em uma zona não ocupada”. Foi justamente para o lançamento dessa sociedade científica que Ignace Meyerson organizou, em poucas semanas, a jornada de estudos consagrada à psicologia e à história do trabalho e das técnicas. Ignace Meyerson conseguiu, contudo, reunir nessa Jornada de estudos os representantes eminentes da ciência republicana do entreguerras, graças aos laços de sociabilidade que construiu, desde sua chegada à França, nos meios intelectuais republicanos e, desde 1940, em Toulouse – na Universidade, mas também no Instituto Católico, “meca da resistência intelectual” (CABANEL, 1994). Sobrenome/Prenome Data: nasc.-morte Aymard, André 1900–1964 Bloch, Marc 1886-1944 Camichel, Charles 1871–1966

Disciplina História História Física
Pai professor associado
Disciplina História Geografia História Sociologia
Continuar o esforço
Crise política e Ciências Sociais
As mentalidades coletivas face à modernidade
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