Abstract
Este artigo reflete sobre o processo de criação e desenvolvimento de um espaço comemorativo dentro de um sitio arqueológico: a plantação Loyola na Guiana francesa. Nós criamos este espaço para o reconhecimento dos escravos que viveram e morreram na plantação, para demostrar compaixão com os descendentes de escravos, bem como para provocar uma discussão sobre a história do período colonial. A memoria da escravidão é um assunto sensível para dos residentes da região, cuja maioria é descendente de escravos. A partir de vinte anos de pesquisa na plantation Loyola e seu cemitério, apresentamos aqui várias questões que encontramos no processo de apropriação do espirito do lugar pela população local.A plantação está localizada à 10 km de Cayenne, capital da Guiana francesa. Durante o domínio jesuíta, a plantação media mais de 1000 hectares, e chegou a ter cerca de 500 escravos trabalhando na produção de açúcar, café, índigo, e rum, entre outros produtos, supervisionados por alguns missionários. Depois de ter descoberto sepulturas no cemitério, onde aproximadamente 1000 escravos descendentes de Africanos, povos indígenas, colonos, e missionários foram enterrados, decidimos criar um espaço memorial para comemorar os escravos que viveram e foram enterrados na plantação. Inspirando-se numa ilustração dos anos 1730, erigimos uma cruz do Calvário no centro do cemitério, no âmbito de criar discussões relevantes com a população local. Esta ação teve como efeito de produzir uma resposta imediata da população local, e o cemitério tornou-se um ponto central para a discussão. Curiosamente, nossa intenção provocou uma reação visceral dos agentes locais do governo francês.
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