Abstract

O trabalho apresenta-se como um estudo preliminar sobre a representação das mulheres negras em Portugal durante os anos da guerra colonial (1961-1975). Seguindo as sugestões dos actuais movimentos globais das mulheres (Ni una menos, Women's March, Non una di Meno…) o artigo quer investigar a dupla hirarquização sofrida das mulheres negras e ao mesmo tempo analisar como e se as resistências contra o fascismo e o colonialismo português influíram nas representações. As imagens das mulheres negras em Portugal ao longo do século revelam corpos sexualizados, objectos à disposição dos colonizadores. Porém, centrando a reflexão na a Banda Desenhada, é preciso lembrar com Luís Cunha (1995) como a representação dos homens negros na BD mudou ao longo do século e sobretudo durante a guerra colonial. O artigo analisa os desenhos de Augusto Cid publicados em Que se passa na frente (1973), no intento de verificar se a guerra e as resistências levaram algumas mudanças na representação das mulheres feitas pelos colonizadores. Estas análises permitem reflectir sobre como os estereótipos racistas e sexistas mudaram nos últimos anos no regime fascista português, construindo as bases para interrogar a sociedade do pós-25 de Abril e ver assim se os rastos destas violências chegam até hoje.

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