Abstract

O presente artigo discute, a partir de uma pesrpectiva crítica, o processo de Cooperação Sul-Sul (CSS) no campo educacional entre Brasil e Timor-Leste, com base no paradigma do dom e da hospitalidade. Durante o governo Lula (2003-2010), a CSS se constituiu como uma das principais plataformas de inserção do Brasil no meio internacional. Além disso, foi o governo que mais energizou esforços ao desenvolvimento da cooperação educacional. No entanto, o argumento central é que o Brasil ainda necessita investir mais em políticas de recepção de estudantes estrangeiros orientadas por uma lógica do bem-receber. Nesses termos, a metodologia aplicada consistiu na análise de documentos oficiais, incluindo um protocolo de cooperação entre ambos os países, a literatura especializada e uma pesquisa de caráter etnográfico realizada com 30 estudantes timorenses. Diante do que foi observado, conclui-se que o processo de cooperação no campo educacional, quando compreendido a partir de variáveis endógenas e exógenas, revelam peculiaridades e desafios que podem ser superados a partir das práticas ancoradas no paradigma do dom e da hospitalidade.

Highlights

  • A Cooperação Sul-Sul (CSS) consiste em uma das estratégias de inserção internacional incorporada à agenda política de diversos países

  • O propósito residia, principalmente, em questionar as regras da política das economias industrializadas, além de reconhecer as assimetrias de poder existentes dentro desse sistema (SANTOS; CERQUEIRA, 2015)

  • Universidade Estadual da Paraíba recebe novos estudantes do Timor Leste para estudar na instituição em 2015

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Summary

A Cooperação Sul-Sul e a Política Externa Brasileira

A cooperação é um “importante mecanismo de relacionamento entre as nações e como meio de se promover o desenvolvimento humano” (CAIXETA, 2014, p. 17). A CSS emergiu no cenário internacional em 1955, a partir da Conferência de Bandung, como fórmula de articulação política a fim de promover o desenvolvimento dos países do Sul (RENZIO et al, 2013). Nesse contexto, o Grupo dos 77 (G-77), movimento dos países não alinhados que, no período da Guerra-Fria, se caracterizou como a primeira estratégia de articulação política orquestrada pelos países do Sul. O propósito residia, principalmente, em questionar as regras da política das economias industrializadas, além de reconhecer as assimetrias de poder existentes dentro desse sistema (SANTOS; CERQUEIRA, 2015). A ascensão do capitalismo de mercado como sistema econômico dominante no meio internacional, aliado às ideologias das democracias liberais no mundo pós-Guerra Fria, impulsionaram um movimento direcionado à construção de um ajuste comportamental da parte dos Estados em desenvolvimento em face da nova arquitetura internacional (ALDEN; MORPHY; VIEIRA, 2010). Para Alden, Morphet e Vieira (2010), tal noção atravessa as preocupações dos Estados em distintos campos, seja nas questões de segurança, economia, autonomia e integridade territorial,

No original
A Cooperação Educacional entre Brasil e Timor-Leste
Findings
88. Brasília

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