Abstract

As empresas vêm presenciando o suicídio de seus empregados, atribuído, de acordo com Dejours e Bègue (2010), às consequências negativas das novas organizações do trabalho. Com base no estudo de óbito de trabalhador bancário, o foco deste artigo é avaliar se o trabalho poderia ser um dos fatores relacionado à decisão de cometer-se o suicídio. Avaliou-se o significado qualitativo da morte sob o ponto de vista do irmão do suicida (ambos colegas de trabalho durante mais de 20 anos), entrevistado em 2009. Visto que esse tipo de análise produz volume significativo de dados sobre o fenômeno pesquisado, estes foram processados e analisados por meio de análise categorial. O bancário trabalhava na empresa havia três décadas e morreu em meados de 2000, faltando um ano para aposentadoria, após a esposa requerer o divórcio. O trabalho foi o contexto para compreender o processo que o conduziu à ruína familiar, à exasperação psíquica e, por fim, à morte. O caso não envolveu assédio moral, já que se tratava de empregado muito bem conceituado, mas de patologia associada à servidão voluntária, patologia essa cada vez mais estimulada como símbolo de sucesso. No ambiente de trabalho, problemas conjugais foram os fatores atribuídos como causa maior do suicídio, mais conveniente como forma de eximir responsabilidades perante o infortúnio, transferindo somente ao sujeito a culpa por conflitos pessoais ou desordens psíquicas.

Highlights

  • As empresas vêm presenciando ocorrências de suicídios de seus empregados, levando-se à suspeita, de acordo com Dejours e Bègue (2010), da possibilidade de interrelação entre as mortes e as formas contemporâneas de organização do trabalho

  • The focus of this study is to evaluate whether work was related to the decision of committing suicide, in a case of a bank employee

  • The worker, who had been employed at a bank for three decades, committed suicide in 2004, just one year before his retirement and right after his wife had filed for divorce

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Summary

Percurso metodológico

O foco é o significado qualitativo do suicídio de um trabalhador bancário, visto que esse tipo de análise produz grande volume de dados e informações sobre o fenômeno pesquisado, permitindo-se compreender a subjetividade inerente aos sujeitos e ao contexto em que ocorreram os fatos. Cabe ressaltar que a abordagem qualitativa se ocupa de detalhes sobre processos complexos, como experiências pessoais, comportamentos, emoções, sentimentos, movimentos sociais, práticas organizacionais, fenômenos culturais, ou seja, a subjetividade que é própria do ser humano e que os métodos convencionais não captam com tanta acuidade (STRAUSS; CORBIN, 2008). Em vista dos sentimentos que poderiam ser suscitados durante o encontro, principalmente em função das vivências negativas, a entrevista foi realizada em local previamente agendado, em fevereiro de 2009, escolhido pelo irmão do falecido, como forma de deixá-lo à vontade para relatar suas experiências. O procedimento se mostrou apropriado para o tratamento dos dados obtidos na pesquisa de campo, visto que se trabalhou com entrevista que revelava o sofrimento subjetivo por meio de verbalizações impregnadas de significados psicológicos latentes e manifestos, sobretudo contraditórios e repletos de mediações. Salienta-se que o projeto contendo a pesquisa integral, incluindo a fase descrita neste artigo, foi previamente submetido ao Comitê de Ética vinculado ao Instituto de Ciências Humanas da universidade de realização da pesquisa, recebendo parecer favorável

Revelações do campo
Análises e considerações
Para concluir
Contribuição de autoria
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