Abstract

O objeto de análise deste artigo é a relação entre concentração espacial da produção e desigualdade social no Brasil, fenômeno multidimensional que antecede o trabalho assalariado, mas que recebe maior atenção no avanço do processo de urbanização. A hipótese aqui defendida é de que, se dotados de infraestrutura logística e educacional em condições semelhantes às do centro dinâmico da economia nacional, os estados periféricos apresentariam densidade econômica e capacidade de arrecadação fiscal semelhantes à dos estados mais ricos, com impactos sobre renda per capita, IDHM e outros indicadores socioeconômicos. Em 2014, os estados das regiões Sul e Sudeste concentravam mais de 71,35% do Produto Interno Bruto (PIB), acomodando 56,29% da população, enquanto o Nordeste, com participação de 13,93% no PIB, acomodava 27,69% da população. A análise setorial de renda e faturamento bruto das empresas revela o abismo entre Norte/Nordeste e Sul/Sudeste, assegurando a manutenção das desigualdades sociais entre os dois blocos.

Highlights

  • Este artigo se propõe analisar a influência da concentração espacial da atividade produtiva sobre a trajetória de desigualdade social no Brasil, com base na transição do modelo agroexportador para o modelo industrial, embora a desigualdade anteceda tanto o processo de industrialização como o trabalho assalariado

  • A produção do café se desenvolvera sobretudo na região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, que, a partir da segunda década do século XX, já concentrava a produção industrial

  • Mesmo na década de 1970, quando teve início um lento processo de desconcentração industrial, ele ocorreu seletivamente, posto que os setores mais dinâmicos e de maior conteúdo tecnológico permaneceram concentrados no centro dinâmico da economia nacional (BRANDÃO, 2004), influenciando o PIB e a renda per capita, assim como a participação dos entes federativos na arrecadação tributária

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Summary

Introdução

Este artigo se propõe analisar a influência da concentração espacial da atividade produtiva sobre a trajetória de desigualdade social no Brasil, com base na transição do modelo agroexportador para o modelo industrial, embora a desigualdade anteceda tanto o processo de industrialização como o trabalho assalariado. Mesmo na década de 1970, quando teve início um lento processo de desconcentração industrial, ele ocorreu seletivamente, posto que os setores mais dinâmicos e de maior conteúdo tecnológico permaneceram concentrados no centro dinâmico da economia nacional (BRANDÃO, 2004), influenciando o PIB e a renda per capita, assim como a participação dos entes federativos na arrecadação tributária. Se o que se viu, do lado da produção, entre 1930 e 1970, foi uma trajetória ininterrupta de concentração espacial da atividade produtiva, com reflexos sobre a concentração de renda e o padrão de desenvolvimento dos entes federativos, na esfera social o esforço do Estado nacional foi tímido diante do empreendido anteriormente para salvar os produtores de café. O Estado social é implantado como estratégia para neutralizar opositores políticos e assegurar popularidade ao governo autoritário

Concentração espacial das cadeias produtivas
Atividade industrial
Comércio
Desafios enfrentados pelos estados periféricos
Outros fatores que influenciam as desigualdades sociais
Sistema tributário regressivo
Findings
98. Campinas
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