Abstract

Em ambientes cada vez mais turbulentos e competitivos, as empresas privadas são paradoxalmente impelidas a funcionarem em colaboração pontual ou a longo prazo. A fim de compreender como tais processos de colaboração podem ser viabilizados, o presente artigo analisa a experiência de uma comunidade de prática no Canadá, formada com o intuito de promover a melhoria de qualidade dos serviços públicos. Esta comunidade de prática contou com a participação dos governos provinciais e federal, conquanto, reconhecidamente, as relações federais no Canadá são de rivalidade e tensão. Uma análise baseada nas teorias críticas esclarece como a comunidade de prática tornou possíveis iniciativas comuns, como a realização de sondagens pancanadenses de satisfação de serviços. A partir do paralelo que pode ser estabelecido entre a situação estudada e os ambientes competitivos nos quais as empresas privadas se localizam, o artigo argumenta que o setor público pode inspirar as práticas privadas no sentido de utilizarem-se de comunidades de prática como estratégia para esvaziar o conteúdo ideológico de iniciativas e viabilizar esforços colaborativos.

Highlights

  • Embora situadas em um ambiente cada vez mais competitivo e turbulento, as empresas, hoje, veem-se, de mais a mais, constrangidas a colaborarem, operando em joint ventures, consórcios, alianças ou outros tipos de parcerias pontuais ou a longo prazo

  • Impelidos a identificarem-se com sua empresa, incorporando seus valores, sua história e seus objetivos, impõe-se a eles, ao mesmo tempo, ignorarem uma história e uma situação mercadológica caracterizadas pela concorrência tecnológica, operacional e estratégica a fim de privilegiar a colaboração com aqueles que, anteriormente, eram seus rivais ou mesmo continuam sendo, ainda que em outras esferas da empresa

  • Os autores adotam a definição de Nahapiet e Ghoshal, para quem, o capital social é “a soma dos recursos contidos na rede de relações de um indivíduo ou de uma unidade social, recursos que estão disponíveis na rede e derivam dela” (Lesser & Storck, 2001, p. 833, tradução nossa)

Read more

Summary

As comunidades de prática

Foi Etienne Wenger (1999, 2000) quem utilizou, pela primeira vez, a expressão comunidades de prática (communities of practice) nos estudos administrativos. As comunidades de prática são redes formadas por indivíduos que possuem conhecimento ou interesse numa determinada área, sendo que, na maioria das vezes, essa área está relacionada ao seu trabalho (Wenger, 2000). 831, tradução nossa) elaboram no mesmo sentido, segundo os autores, deve-se entender por comunidade de prática “um instrumento de desenvolvimento de capital social”, que visa não apenas ao intercâmbio de conhecimentos, mas também à mudança dos comportamentos. Os autores adotam a definição de Nahapiet e Ghoshal, para quem, o capital social é “a soma dos recursos contidos na rede de relações de um indivíduo ou de uma unidade social, recursos que estão disponíveis na rede e derivam dela” Nossa análise aponta que tal comunidade de prática tornou possível a união de membros de vários governos para a realização do projeto de sondagem em nível nacional, mesmo em um contexto cuja colaboração entre as províncias e o governo federal é, historicamente, turbulenta

As teorias críticas
Quadro Metodológico de Pesquisa
As relações intergovernamentais canadenses
Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call