Abstract

Resumo O artigo analisa a participação do Pará na Exposição Internacional da Indústria e do Trabalho em Turim, realizada em 1911. A mostra paraense reuniu, sobretudo, produtos oriundos do extrativismo e pode ser caracterizada pelo discurso científico, materializado, principalmente, pela presença de um renomado cientista na comissão organizadora, o botânico suíço Jacques Huber (1867-1914), à época diretor do Museu Goeldi, em Belém. As razões do destaque dado à ciência na exposição paraense de Turim e do envolvimento de um cientista em um certame comercial são estudadas a partir de três questões: as estratégias diplomáticas em jogo; o papel atribuído à ciência na organização da mostra; e as forças dissonantes na representação do país, perceptíveis na dificuldade de elaborar um discurso nacional e na distância entre uma sociedade profundamente desigual e a imagem que se construiu dessa mesma sociedade. (A parte 1 deste artigo foi publicada na Varia Historia, vol. 31, n. 57, setembro-dezembro 2015).

Highlights

  • A maior parte dos produtos paraenses foi recolhida entre agosto de 1910 e janeiro de 1911

  • Huber partiu para a Europa em 20 de abril e chegou a Turim em meados de maio, após deixar a família na Suíça

  • Contudo, claramente perceptíveis quando se diversifica as fontes e se amplia a análise – e inteiramente coerentes com o meio social por onde circulavam os cientistas na Primeira República brasileira, entre a produção de ideias e a ação política.[41]

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Summary

Ciência e diplomacia

O auge de qualquer exposição internacional é o momento em que o júri começa a atuar, isto é, a avaliar e selecionar os melhores produtos e/ou expositores, conferindo-lhes prêmios variados. Findo o trabalho do júri de classe, Huber antecipou que os resultados eram “satisfatórios para o estado, não só pelo número dos prêmios obtidos, como também pela participação dos delegados paraenses nos diversos júris”.30. Memorando de Joaquim Costa Sena, Comissário Geral do Brasil, para Jacques Huber, Delegado do Estado do Pará na Exposição Internacional de Turim. Para o governador João Coelho, ele sugeriu rever a ideia de uma companhia não subsidiada, pois talvez fosse necessário, como medida de incentivo, “uma garantia de interesses à companhia que compreenderá esta linha de navegação” por parte dos governos dos estados do Pará e Amazonas.[40] Conforme a correspondência entre Huber e o governador trocada em setembro e outubro de 1911, o assunto parecia ser tratado com celeridade entre os italianos. Contudo, claramente perceptíveis quando se diversifica as fontes e se amplia a análise – e inteiramente coerentes com o meio social por onde circulavam os cientistas na Primeira República brasileira, entre a produção de ideias e a ação política.[41]

Considerações finais
Referências bibliográficas
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