Abstract

Este artigo se propõe a discutir o tema da iconicidade-arbitrariedade linguística (Saussure, 1916) no contexto de pré-alfabetização. Antes da instrução explícita, a criança pode se perguntar como decodificar a relação fala-escrita e uma das hipóteses por vezes nutrida é de cunho icônico: há pareamento entre o tamanho da palavra escrita e da coisa que ela representa (PIAGET, 1962). No âmbito arbitrário, há trabalhos que demonstram que crianças a partir de 3 a 9 meses de idade, fase pré-fala, já são capazes de compreender muitas palavras e até pseudopalavras geradas em ambiente de teste e, portanto, não icônicas (LIMA, 2009; WAXMAN & LIDZ, 2006; WAXMAN ET AL, 2009; SHI, 2014). Contudo, para indivíduos surdos, alvo de nosso interesse, que usam língua de sinais como L1, reconhecidamente mais icônica, quais estratégias default de pareamento são usadas antes da instrução formal? Essa é a pergunta que o presente estudo busca responder. Um teste experimental foi elaborado a fim de verificar a preferência de crianças surdas e ouvintes na escolha de palavras e pseudopalavras escritas na representação da mesma articulada, por meio de um vídeo, observando, assim, se fatores icônicos pesam mais significativamente no pareamento letra/som do que fatores arbitrários. ---DOI: http://dx.doi.org/10.31513/linguistica.2018.v14n3a25508

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