Abstract
O método clínico centrado na pessoa (MCCP) é uma proposta de reorientação da prática clínica que identifica um distanciamento, na medicina contemporânea, da experiência subjetiva e qualitativa dos pacientes. Para superar este distanciamento, o MCCP utiliza teorias e técnicas de diversas escolas da psicologia moderna ocidental. Neste trabalho, analisamos possíveis contribuições para o MCCP de uma escola de pensamento oriental, o budismo tibetano, na perspectiva delineada por seu atual líder espiritual, Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama. Também são utilizados elementos de trabalhos de Ian McWhinney para intermediar e enriquecer esta reflexão, que apresenta como proposição final o desenvolvimento da compaixão como qualidade fundamental para lidar com a dimensão psicossocial do sofrimento humano. O MCCP e a abordagem ética budista plasmada no pensamento do Dalai Lama compartilham um objetivo comum: uma compreensão e um manejo não reducionistas do sofrimento humano. Em ambos os casos, identifica-se a necessidade de reconhecer e valorizar aspectos mentais e emocionais das relações humanas como estratégia para lograr esta abordagem ampliada.
Highlights
The patient-centered clinical method (PCCM) is a proposal of reorienting contemporary medical practice that identifies a distance from the patients’ subjective and qualitative experiences
We analyze possible contributions to the PCCM from an Eastern school of thought - Tibetan Buddhism - using the perspective of its current spiritual leader, Tenzin
The development of compassion is the fundamental quality to manage the psychosocial dimension of human suffering
Summary
El método clínico centrado en la persona (MCCP) es una propuesta de reorientación de la práctica médica que identifica, en la medicina contemporánea, un distanciamiento de la experiencia subjetiva y cualitativa de los pacientes. O método clínico centrado na pessoa (MCCP) é um modelo de orientação da prática clínica desenvolvido e validado por pesquisadores do Departamento de Medicina de Família da Universidade de Western Ontario, no Canadá, entre as décadas de 70 e 80.1,2 Foi elaborado com o objetivo de traduzir, em orientações práticas, uma teoria médica que reconhece os avanços obtidos pela incorporação do método científico moderno à Medicina, mas que, ao mesmo tempo, identifica um distanciamento da prática médica contemporânea da experiência subjetiva de “sofrimento” que emerge das pessoas que classificamos como “doentes”.3. São sugeridas diversas ferramentas desenvolvidas a partir de referenciais da psicologia moderna, principalmente de escolas da Europa e América do Norte, como a entrevista motivacional, a tomada de decisão compartilhada e informada, a compreensão e uso dos conceitos de transferência e contratransferência advindos da psicanálise, entre outras ferramentas.[11,12,13]
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