Abstract
Resumo O presente estudo teórico objetiva discorrer sobre as compreensões de Frantz Fanon e Ignacio Martín-Baró acerca da relação entre guerra, colonização e saúde mental e como podem contribuir ao entendimento de nossa realidade. Ademais, pretendemos refletir como tais subsídios se aplicam à Psicologia brasileira e seu projeto ético-político. Constatamos uma confluência nas análises dos autores, sobretudo a influência de Fanon para Martín-Baró, orientando-se para uma compreensão da saúde mental remetida ao nosso fazimento colonizado e como este se manifesta, é conformado e intensificado por guerras, mesmo que não formais. Finalmente, traçamos implicações para um projeto de Psicologia que aborde a saúde mental na perspectiva dos autores e, assim, transforme-se, contribuindo para o entendimento e mudança de nossa realidade.
Highlights
This theoretical article aims to discuss the understandings of Frantz Fanon and Ignacio Martín-Baró about the relationship between war, colonization and mental health and how they can contribute to the understanding of our reality
Enquanto psicólogos(as), por mais que não sejamos capazes de chafurdar e transformar as estruturas sociais, bem como modificar nossa história e sanar a(s) guerra(s), trabalhamos com homens e mulheres não apenas produtos, mas produtores desta realidade e de si mesmos, sendo, portanto, os únicos capazes de suplantá-la, produzindo-se novos ao criarem o novo
No presente estudo discorremos sobre o pensamento de Frantz Fanon e Ignacio Martín-Baró acerca da relação entre guerra, colonização e saúde mental e como tais “temas”, na forma como são compreendidos pelos autores, tornam-se ainda mais prementes na atual conjuntura brasileira
Summary
This theoretical article aims to discuss the understandings of Frantz Fanon and Ignacio Martín-Baró about the relationship between war, colonization and mental health and how they can contribute to the understanding of our reality. Se não é a própria psicologia latino-americana como produção colonizada: não por ter suas bases oriundas de fora, mas porque estas se assentam em e/ou expressam concepções de indivíduo e sociedade que não necessariamente as nossas ou nos tomam de maneira inferiorizada, subordinada; um ser e realidade proeminentemente europeus e estadunidenses, levados à condição de universais.
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