Abstract

Resumo: Observando números da Revista Claudia publicados no Brasil entre 1970 e 1990, esse artigo busca compreender, de um ponto de vista historiográfico, a proliferação de discursos antifeministas na publicação a partir da segunda metade da década de 1980. O antifeminismo como ideia corrente nunca abandonou totalmente a revista. Contudo, discursos de rejeição de um suposto passado radical do movimento foram difundidos na publicação no período, inclusive por mulheres diretamente associadas à história dos feminismos dessa geração, o que instigou o desenvolvimento desta análise. É, portanto, a partir dessa observação, com base em bibliografia de referência sobre a temática e em parte da produção impressa dos feminismos do período, que o artigo se constrói.

Highlights

  • Antifeminism and the Overcoming of a So-called Radical Past Abstract: This article seeks to understand, from a historiographic perspective, the proliferation of antifeminist discourses published in Revista Claudia from the second half of the 1980’s onwards

  • Antifeminism as a current idea was never completely abandoned by the magazine

  • Discourses of rejection of a so-called radical past of the movement were propagated by the publication during this period. Articles with such content were written by women who were directly associated with feminisms at that time, which motivated the development of this analysis

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Summary

Antifeminismo e a superação de um suposto passado radical

Inclusive aqueles abordados por Claudia, foram, assim, bastante conciliadores. O primeiro depoimento que o texto traz, logo depois do trecho supracitado, é de Branca Moreira Alves, no qual, em determinado ponto, chama a atenção pelo tom de superação do feminismo dos 1970 que é encontrado de diferentes formas em Claudia a partir da segunda metade dos anos 80: “(...) Hoje, por exemplo, tenho uma relação de igual para igual com o homem que amo e posso até fazer coisas consideradas ‘femininas’, como lavar louça e cozinhar, mas faço isso porque me sinto igual, e essas atividades me dão prazer.” Levando em conta que Betty Friedan foi citada em diferentes momentos como a inauguradora do feminismo de sua geração, ou da revolta das americanas, e também porque foi muito comentada de forma geral em Claudia, reli com cuidado seu primeiro livro (1971) buscando o radicalismo discursivamente associado a ela. Essa é uma linha que Anette Goldberg (1989, p. 3-4) observa nos feminismos do período: apenas as tendências do feminismo radical que poderiam ser apropriadas dentro de uma orientação marxista ou socialista se propagaram no Brasil, com a ressalva de que, de forma geral, as feministas brasileiras consideravam as feministas radicais do exterior sexistas

Algumas considerações
Fontes de pesquisa
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