Abstract

A presente reflexão procura articular as determinações centrais das atuais sociedades e culturas contemporâneas com uma conceção de tempo ocioso, indagando das suas potencialidades e constrangimentos. Para o efeito, é convocada a fenomenologia heideggereana que, em conjunto com as noções de temporalidade do dasein e obra-de-arte, nos permite fundamentar a necessidade incontornávelde uma relação ociosa com a verdade, como algo se oculta e desvela, tanto na linguagem como nos modos (im)próprios de relação do dasein à temporalidade.

Highlights

  • As dimensões psicossociais e culturaisAs atuais sociedades mediatizadas impõem uma lógica que é sobretudo a do consumo acrítico e passivo.

  • O sistema move-se de estrela em estrela num ‘star system’ (Barthes, 1957), que não só cria incessantemente novos produtos e formatos como requere uma apropriação cultural epidérmica e híperconsumista, fundando um novo tipo de desespero existencial de raiz hedonista (Lipovetsky, 1989).

  • Em textos como A Dialética do Iluminismo {PIRES, 2006 #141}, Adorno e Horkheimer chamavam a atenção para a dificuldade em manter ainda a possibilidade de uma cultura de feição crítica no novo meio de difusão que constituiu o cinema e depois a televisão e finalmente todo um mundo informático e digital.

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Summary

As dimensões psicossociais e culturais

As atuais sociedades mediatizadas impõem uma lógica que é sobretudo a do consumo acrítico e passivo. O sistema move-se de estrela em estrela num ‘star system’ (Barthes, 1957), que não só cria incessantemente novos produtos e formatos como requere uma apropriação cultural epidérmica e híperconsumista, fundando um novo tipo de desespero existencial de raiz hedonista (Lipovetsky, 1989). Em textos como A Dialética do Iluminismo {PIRES, 2006 #141}, Adorno e Horkheimer chamavam a atenção para a dificuldade em manter ainda a possibilidade de uma cultura de feição crítica no novo meio de difusão que constituiu o cinema e depois a televisão e finalmente todo um mundo informático e digital. Não só a teoria da alienação marxista (e já hegeliana (cf (Hegel, s/d)) nos anunciava as consequências de um tal mundo em que tudo se houvesse transformado em mercadoria, como sinalizava a impossibilidade de um tempo não alienado numa sociedade alienada. Neste contexto não se trata mas de converter o ‘tempo livre’ em ‘tempo ocioso’, mas de tomar seriamente as possibilidades abertas pela temática do reinvestimento de um tempo ocioso na vida dos indivíduos, que altere radicalmente a sua relação com o tempo, a sua existência e o seu próprio mundo

A dimensão ontológico-existencial
Um ‘projeto poemático do ócio’?

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