Abstract

Este artigo busca examinar em filmes argentinos (notadamente valentín, Kamchatka e O segredo dos seus olhos) o procedimento da contraluz, entendido como um modo de composição narrativa em que eventos relacionados a ditaduras e outras formas de repressão movem-se no escuro, porém atuando agudamente sobre a trajetória das personagens. A partir de uma breve recuperação do movimento de internacionalização da cinematografia argentina, que, já em meados de 1980, articula estruturas dramáticas convencionais e denúncia política, pretende-se analisar o modo como parte do cinema deste século representa a violência de estados autoritários. Seja pelo investimento imaginativo, pela metalinguagem ou pela alegoria, essas narrativas renunciam às imagens explícitas da violência dos aparatos repressores e engendram dramaturgias de grande eficácia comunicacional. Coloca-se, assim, em discussão, a capacidade reflexiva desses filmes no que se refere às relações entre o ficcional, o midiático e o social.

Highlights

  • Cinema and backlighting: on the threshold of repression of Argentine media culture – This paper examines the backlighting technique used in Argentine movies, seen as a kind of narrative composition in which events related to dictatorships and other forms of repression operate in the dark, but strongly affect the fate of the characters

  • Ao tratar de eventos relacionados às ditaduras e outras formas de repressão, que remetem também, mas não só, aos corpos violados, esses filmes argentinos, ainda que possam usar de imagens explícitas de crueldade – destacadamente O segredo dos seus olhos, não encenam diretamente o horror histórico, dando-lhe, 2 O termo “gráfico”, que será utilizado no decorrer deste artigo, e a expressão “cultura fílmica” usados por Black (2002) merecem considerações

  • Se o corpus não representa toda uma dicção do cinema argentino, dada a multiplicidade da produção cinematográfica daquele país, que também coloca em relevo, por exemplo, obras de violência explícita como Abutres (2010), de Pablo Trapero, podemos afirmar que esses filmes estabelecem determinada coerência principalmente pelo modo como narram as ações de mecanismos repressivos referentes ao autoritarismo

Read more

Summary

Márcio Serelle

Resumo: Este artigo busca examinar em filmes argentinos (notadamente Valentín, Kamchatka e O segredo dos seus olhos) o procedimento da contraluz, entendido como um modo de composição narrativa em que eventos relacionados a ditaduras e outras formas de repressão movem-se no escuro, porém atuando agudamente sobre a trajetória das personagens. A partir de uma breve recuperação do movimento de internacionalização da cinematografia argentina, que, já em meados de 1980, articula estruturas dramáticas convencionais e denúncia política, pretende-se analisar o modo como parte do cinema deste século representa a violência de estados autoritários. Pela metalinguagem ou pela alegoria, essas narrativas renunciam às imagens explícitas da violência dos aparatos repressores e engendram dramaturgias de grande eficácia comunicacional. Coloca-se, assim, em discussão, a capacidade reflexiva desses filmes no que se refere às relações entre o ficcional, o midiático e o social.

Ideia de contraluz
Pedagogia do desvelamento
Da dupla natureza dos escapistas
Considerações finais

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call

Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.