Abstract

Por longo tempo ignorada pelos críticos da arte, a produção artística de Carol Rama (1918- 2015) ganha destaque em exposições e nas interpretações feministas. Sobressaem, em sua obra, temas relacionados à sexualidade, à fantasia erótica, à lascívia na relação entre os gêneros, à masturbação masculina e à exposição sensualizada de corpos nus, associados à loucura e à perversão sexual. As reflexões e os operadores conceituais de Foucault permitem lançar um olhar mais aprofundado a essa produção artística transgressora e evidenciar a crítica contundente que a artista italiana lança ao dispositivo da sexualidade, ao biopoder e à ciência eugenista. Como bem mostrou o filósofo, em sua leitura crítica tanto da ciência médica quanto do cristianismo, desde o século XIX, os processos normalizadores se apoiaram em noções médico-psiquiátricas, como a de psychopatia sexualis, reatualizando narrativas misóginas sobre o pecado original e a figura de Eva, quase sempre acompanhada pela serpente. Exploro esses temas a partir da arte pictórica de Carol Rama, vista como prática da liberdade feminina.

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