Abstract

A partir da segunda metade da década de 1960, houve uma corrida armamentistana América do Sul centrada na aquisição de jatos militares supersônicos. Os paísessul-americanos, em contexto marcado pela Guerra Fria e pela Revolução Cubana,buscaram alterar a cooperação militar realizada com os Estados Unidos desde o pós-Segunda Guerra Mundial em prol da aquisição dessa nova tecnologia. No entanto, ogoverno Lyndon Johnson recusou-se a prover os caças F5 norte-americanos a partirde 1963, de modo que foram buscados supridores alternativos para a modernizaçãotecnológica reivindicada pelos estamentos militares que comandavam a maior partedos países sul-americanos. A França, no marco de uma política externa ativista, foi oparceiro preferencial escolhido para essa negociação, pois o país buscava aumentarsua influência na América Latina e estava disposto a exportar o jato supersônicoMirage. O governo militar brasileiro, diante da recusa norte-americana de exportaros jatos F5, contornou essa forma de cerceamento tecnológico e adquiriu o Miragefrancês, após sofrer pressões dos Estados Unidos. O texto argumenta que asdimensões regional, da América do Sul, e trilateral, entre Brasil, França e EstadosUnidos, são fundamentais para explicar os condicionantes que estiveram presentesna aquisição do Mirage pelo Brasil.

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