Abstract

Quem produziu música durante o longo período histórico que hoje chamamos "Barroco"? Quem a escutou? Como a prática musical teria articulado relações de poder, tanto dentro das culturas européias nas quais as estéticas barrocas nasceram quanto nas terras americanas que estas mesmas culturas colonizaram? Por que, no século XXI, poderíamos continuar a achar esta música interessante e bonita? Por que uma compreensão maior do Barroco pode ser útil nos dias de hoje? Este ensaio abordará estas questões preliminarmente situando a música barroca em relação aos sistemas emergentes de representação, trocas econômicas, poder político e produção artística que caracterizaram a longa transição das crises epistemológicas do final do século XVI da cultura européia, que se interligava com a resolução destas crises nos paradigmas da modernidade iluminista do século XVIII.

Highlights

  • Recentemente, quanto li meu próprio resumo para a palestra que proferi na I Semana de Música Antiga da UFMG em novembro de 2007, me dei conta que meu texto traía uma idéia do “Barroco” como um período histórico muito antigo e muito distante, uma abstração da qual nós, no século XXI, herdamos peças escritas de música, aleatoriamente preservadas, técnicas para a “realização” destas peças em nossa própria época e idéias imperfeitamente compreendidas para fruirmos da beleza ou, ao menos, dos sons esteticamente valiosos para nós desta época e espaço há muito desaparecidos

  • O jovem Francesco Gonzaga já estava em Turim para participar das festividades de casamento da família da noiva, quando sua mãe, a duquesa Eleonora de Medici-Gonzaga, pediu a Rinuccini que adicionasse duas seções cantadas ao Ballo: um diálogo de abertura entre Vênus, seu filho Cupido e Plutão, antes das Ingrate emergirem do inferno e um lamento final cantado por uma ingrata anônima enquanto suas companheiras dançavam de volta ao inferno

  • O jovem Francesco Gonzaga já estava em Turim para participar das festividades de casamento da família da noiva, quando sua mãe, a duquesa Eleonora de Medici-Gonzaga, pediu a Rinuccini que adicionasse duas seções cantadas ao Ballo: um diálogo de abertura entre Vênus, seu filho Cupido e Plutão, antes das Ingrate emergirem do inferno (conduzidas por Cupido, que entrou corajosamente na boca do inferno, ao invés de ser comandado por Plutão) e um lamento final cantado por uma ingrata anônima enquanto suas companheiras dançavam de volta ao inferno

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Summary

Introduction

Recentemente, quanto li meu próprio resumo para a palestra que proferi na I Semana de Música Antiga da UFMG em novembro de 2007, me dei conta que meu texto traía uma idéia do “Barroco” como um período histórico muito antigo e muito distante, uma abstração da qual nós, no século XXI, herdamos peças escritas de música, aleatoriamente preservadas, técnicas para a “realização” destas peças em nossa própria época (usando réplicas de instrumentos antigos preservados aleatoriamente) e idéias imperfeitamente compreendidas para fruirmos da beleza ou, ao menos, dos sons esteticamente valiosos para nós desta época e espaço há muito desaparecidos.

Results
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