Abstract

O uso da vinhaça na fertilização de cana-de-açúcar, embora seja uma prática aceita, deve ser realizado de forma controlada, sendo regulamentado no Estado de São Paulo pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, a partir da Norma Técnica P 4.231/2015. Nesse contexto, o estudo teve como objetivo avaliar o potencial contaminante da vinhaça quando aplicada na dosagem calculada pela referida norma e em dosagens superiores. Para tanto, foram realizados ensaios laboratoriais de percolação a carga constante em colunas com amostras de solo arenoso da Formação Rio Claro. Essas amostras foram previamente infiltradas com as doses de 0 m3/ha (testemunho), 55 m3/ha (equivalente à dose máxima permitida), 80 m3/ha, 400 e 800 m3/ha. A aplicação dessas doses permitiu a avaliação de seus efeitos nos parâmetros hidráulicos do solo estudado e a possível geração de diferentes graus de contaminação no efluente percolado. Os resultados indicaram que a aplicação das doses de 55 e 80 m3/ha não trouxe nenhuma alteração significativa quanto à condutividade hidráulica saturada e que houve um aumento na capacidade de retenção do solo, fator positivo quanto à fertilidade do solo e aspectos ambientais. Entretanto, com a aplicação de doses elevadas (400 e 800 m3/ha), além da redução da condutividade hidráulica, observou-se uma queda progressiva na capacidade de retenção do solo, implicando em perdas por lixiviação e, consequentemente, possível comprometimento da qualidade das águas subterrâneas.

Highlights

  • O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar sendo estimada para a safra 2018/19 uma produção de 625,96 milhões de toneladas a serem colhidas em uma área de 8,61 milhões de hectares (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2018)

  • Os valores de condutividade hidráulica foram calculados por meio do uso da equação de Darcy (FREEZE; CHERRY,1979) e feitos considerando o gradiente hidráulico imposto pela carga hidráulica correspondente à altura Δh e o comprimento da coluna

  • Esse aumento de potencial hidrogeniônico (pH) era previsto, pois a vinhaça aplicada nos solos promove o seu aumento e isto ocorre devido a oxidação da matéria orgânica do solo feita pela atividade microbiana (MATTIAZZO e GLÓRIA, 1987)

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Summary

INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar sendo estimada para a safra 2018/19 uma produção de 625,96 milhões de toneladas a serem colhidas em uma área de 8,61 milhões de hectares (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2018). Visando avaliar a problemática da utilização da vinhaça, Hassuda, Rebouças e Cunha (1990) desenvolveram um trabalho em uma áreapiloto do Aquífero Bauru com o qual concluíram que a aplicação de vinhaça na fertilização da área gerou impactos na qualidade da água subterrânea que apresentou concentrações de alumínio, cloreto, ferro, nitrogênio amoniacal, magnésio, manganês e matéria orgânica superiores aos padrões de potabilidade estando, portanto, inadequada para o consumo humano. Foram realizados ensaios de percolação em colunas com amostras de solo residual da Formação Rio Claro previamente infiltradas com diferentes doses de vinhaça, permitindo, assim, a análise do efeito de cada dosagem nos parâmetros hidráulicos do solo estudado, bem como, na possível geração de diferentes graus de contaminação do percolado. Com o desenvolvimento dessa pesquisa, pretende-se contribuir no estabelecimento de critérios para a avaliação de dosagens máximas permitidas visando à proteção de águas superficiais e subterrâneas e, com isso, auxiliar no entendimento e no gerenciamento do uso e da aplicação da vinhaça nos solos

MATERIAL E MÉTODOS
Condutividade Hidráulica Saturada
Avaliação da Mobilidade de Íons da Vinhaça no Solo
Avaliação da Mobilidade de Íons da Vinhaça nos Efluentes Percolados
CONCLUSÕES
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