Abstract

Resumo Com base nos conceitos de “experiência do fora” de Maurice Blanchot e “experiência interior” de Georges Bataille, neste artigo analiso o deslocamento do sujeito para o fora no romance O pai da menina morta, de Tiago Ferro. Embora Blanchot recuse o Eu que fala na obra literária e seu discurso pessoal, proponho, ainda assim, como chave de leitura, a autoficção, que se concretiza no texto não como recurso estilístico e crítico (como se observa com frequência na literatura contemporânea), mas enquanto deslocamento do eu empírico do escritor para outro, dando origem a um duplo que não mais remete a um real precedente e tampouco constitui uma cópia, cujo sentido só se concretiza com o leitor e sua experiência pessoal que preencherá os espaços vazios da narrativa. Objetivo demonstrar, portanto, como as duas leituras não são contraditórias, mas complementares na medida em que o centro da narrativa está no deslocamento, depois da experiência de perda vivenciada pelo personagem anônimo e sua necessidade de se ajustar diante da ausência. A partir de sua própria experiência, Ferro cria um romance lírico e fragmentado que, nascido da morte, busca pelo que ainda resta de vivo nesse sujeito que não quer, e nem pode, ser chamado de Eu.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call