Abstract

As transformações socioeconômicas decorrentes da reorganização do sistema vigente e da conformação do Estado neoliberal têm conduzido à precarização do mundo do trabalho. O processo de reestruturação produtiva, oriundo do setor industrial, tem acarretado um forte impacto no campo da saúde e, consequentemente, na fisioterapia. Este artigo analisa as relações de trabalho dos fisioterapeutas que atuam em clínicas particulares na cidade de Salvador, correlacionando-as com o processo de reestruturação do mundo do trabalho. Trata-se de um estudo exploratório, de natureza qualitativa, com base no referencial teórico da sociologia do trabalho. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com oito fisioterapeutas. A abordagem utilizada foi a análise de conteúdo por categorias temáticas, previamente identificadas pelos autores, a saber: centralidade do trabalho, conjuntura socioeconômica, precarização do trabalho, formação acadêmica e organização sindical. A análise compreensiva revelou a centralidade que o trabalho ocupa na vida dos fisioterapeutas. Na análise da conjuntura socioeconômica, foram identificados os processos que influenciam a atuação profissional e como eles moldam o perfil do trabalhador. Quanto à precarização do trabalho, foram caracterizados os vínculos empregatícios, as condições de trabalho, a estabilidade e a remuneração. A formação acadêmica foi vinculada à reprodução da lógica do capital, acompanhada pela expansão, sem planejamento e regulação, do Ensino Superior privado. Já a organização sindical mostrou-se distante do fisioterapeuta. A análise das correlações entre forças socioeconômicas que influenciam a prática profissional indicou que as relações de trabalho dos fisioterapeutas entrevistados mostraram-se precárias e instáveis.

Highlights

  • Os processos de reestruturação produtiva, gerados principalmente pela crise do modo fordista de produção (Druck, 1999), nascem na indústria e se espalham por todos os setores, incluindo o de serviços, no qual está inserido o subsetor saúde

  • Bleicher (2012), ao analisar a inserção de dentistas no mercado de trabalho na cidade de Salvador, observou padrões de precarização do trabalho muito comuns em outros setores produtivos ou em outras categorias profissionais do setor saúde

  • A fisioterapia é uma prática social jovem, que surge no cenário de expansão industrial do século XIX marcado por um número crescente de patologias entre os trabalhadores, decorrentes das condições de trabalho e das grandes guerras mundiais

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Resultados e discussão

Este estudo envolveu a realização de entrevistas com oito fisioterapeutas, cujas falas coletadas foram sistematizadas, recebendo cada uma delas um código identificador, preservando assim o anonimato dos participantes. O critério de codificação das entrevistas buscou a representação de cada fisioterapeuta, sendo os profissionais identificados com a letra “F”, e numeração de 1 a 8. A partir da análise descritiva dos dados, observou-se que dos 8 fisioterapeutas, 4 eram do sexo feminino e 4 do sexo masculino. O tempo entre o final da graduação e o momento da entrevista variou de 1 a 8 anos. Alguns eram formados em três diferentes faculdades particulares da cidade de Salvador. As informações estão distribuídas nas seguintes categorias temáticas: centralidade do trabalho; conjuntura socioeconômica; precarização do trabalho; formação acadêmica e organização sindical

Centralidade do trabalho
Conjuntura socioeconômica
Precarização do trabalho
Formação acadêmica
Organização sindical
Considerações finais
Contribuição dos autores
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