Abstract

Resumo Este artigo discute o contexto social que originou o espaço de trabalho, ou o espaço exclusivo para o desempenho de atividades produtivistas. O objetivo é demonstrar a dependência que a esfera da produção tem do universo da reprodução e, notadamente, como essa dependência é obliterada e reforçada pelas relações patriarcais. Investigo como o processo de trabalho e a sociedade são organizados segundo as teorias de organização racional do trabalho, e quais os efeitos sobre a produção do espaço. A discussão sobre as origens dos espaços de trabalho demonstrou que elas estão vinculadas à divisão do trabalho em gênero, durante o desenvolvimento do capitalismo comercial, no período entre os séculos XII e XVIII, quando as antigas unidades domésticas – indústrias domésticas rurais – e as oficinas dos artesãos urbanos foram transformadas em empresas familiares pelo modo de produção putting-out system. Com o advento desse sistema, a divisão do trabalho em gênero permitiu liberar os indivíduos do sexo masculino para o desempenho de atividades produtivas, enquanto as tarefas domésticas ou mal pagas eram destinadas às mulheres. Essa foi a primeira condição social para posteriormente, na manufatura, possibilitar-se a existência de espaços exclusivos de produção.

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