Abstract

Este artigo explora a ética da atual "Guerra ao Terrorismo", perguntando se a antropologia, disciplina dedicada a entender a diferença cultural e a lidar com ela, pode nos fornecer apoio crítico para as justificações feitas sobre a intervenção no Afeganistão em termos de liberar ou salvar mulheres afegãs. Eu observo primeiramente os perigos da cultura de reificação, aparente nas tendências de afixar ícones culturais claros como as mulheres muçulmanas sobre confusas dinâmicas históricas e políticas. Posteriormente, chamando atenção para as ressonâncias entre discursos contemporâneos sobre igualdade, liberdade e direitos com antigos discursos coloniais e retórica missionária sobre mulheres muçulmanas, eu argumento que, em vez disso, nós precisamos desenvolver uma séria avaliação das diferenças entre as mulheres no mundo - como produtos de histórias diferentes, expressões de diferentes circunstâncias e manifestações de desejos distintamente estruturados. Além disso, eu argumento que, em vez de buscar "salvar" outros (com a superioridade que isso implica e as violências que acarretaria), talvez fosse melhor pensarmos em termos de (1) trabalhar com elas nas situações que reconhecemos como sempre sujeitas a transformações históricas e (2) considerar nossas próprias e maiores responsabilidades para indicar as formas de injustiça global que são poderosas formadoras dos mundos nas quais elas se encontram. Eu desenvolvo muito desses argumentos a respeito dos limites do "relativismo cultural" através de uma consideração da burca e dos vários significados dos véus no mundo muçulmano.

Highlights

  • Tal como argumentei acima que precisamos suspeitar quando nítidos ícones culturais são afixados sobre narrativas políticas e históricas mais desordenadas, também precisamos estar alerta quando Lord Cromer no Egito sob domínio britânico, damas francesas na Argélia e Laura Bush, com todas as tropas militares detrás deles, clamam estar salvando ou libertando mulheres muçulmanas

  • Nossa tarefa é explorar criticamente o que poderíamos fazer para ajudar a criar um mundo no qual aquelas pobres mulheres afegãs, por quem “o coração daqueles no mundo civilizado se parte”, possam ter segurança e vidas decentes

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Summary

Universidade de Columbia

As mulheres muçulmanas precisam realmente de salvação? Reflexões antropológicas sobre o relativismo cultural e seus Outros. Resumo: Este artigo explora a ética da atual “Guerra ao Terrorismo”, perguntando se a antropologia, disciplina dedicada a entender a diferença cultural e a lidar com ela, pode nos fornecer apoio crítico para as justificações feitas sobre a intervenção no Afeganistão em termos de liberar ou salvar mulheres afegãs. Posteriormente, chamando atenção para as ressonâncias entre discursos contemporâneos sobre igualdade, liberdade e direitos com antigos discursos coloniais e retórica missionária sobre mulheres muçulmanas, eu argumento que, em vez disso, nós precisamos desenvolver uma séria avaliação das diferenças entre as mulheres no mundo – como produtos de histórias diferentes, expressões de diferentes circunstâncias e manifestações de desejos distintamente estruturados. Eu quero apontar os campos minados – uma metáfora que é infelizmente muito adequada para um país como o Afeganistão, com o maior número de minas per capita – dessa obsessão com o sofrimento das mulheres muçulmanas. Eu quero permanecer crítica da cumplicidade da antropologia na reificação da diferença cultural

Explicações culturais e a mobilização das mulheres
AS MULHERES MUÇULMANAS PRECISAM REALMENTE DE SALVAÇÃO?
Política do véu
Para além da retórica da salvação

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