Abstract

Assim como a narrativa literária é invariavelmente limitada, os caminhos de leitura também o são. Eles se prendem às amarras do leitor e suas memórias e ao texto. Neste artigo, analisam-se alguns aspectos do romance de memória Leite derramado (2009), de Chico Buarque. São realizadas análises qualitativas inferenciais considerando não somente a construção narrativa do romance, mas também os desafios que este tipo de leitura impõe à memória do leitor. Em Leite derramado, Eulálio, um homem centenário que vive em um hospital ou em alguma sorte de casa de cuidados para idosos, conta ao leitor sua vida, focalizando em Matilde, sua esposa que se foi.

Highlights

  • Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional

  • In Leite derramado, Eulálio, a centenary men who is living in a hospital or in some kind of home for elderly, tells the reader his life focusing on Matilde, his wife who is gone

  • Ou seja, crer ou não no que nos conta Eulálio, Leite derramado nos faz pensar um pouco sobre os limites de uma narrativa

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Summary

O romance e a memória: aspectos para leitura

Como ler um romance de memórias se a memória do narrador, claramente, não é confiável? Na longa tradição nacional de romances de memória, poucos questionam tão abertamente os limites entre a recordação e a invenção da memória do passado quanto Leite derramado, de Chico Buarque (2009). Nossa memória não é apenas a lembrança de uma melhor rota para a água, do cheiro da mãe ou de onde estão os melhores lugares de caça, como parece ser nos animais. Uma narrativa que não é a expressão do real, mas de como o real nos parece ou desejaríamos que fosse. Possivelmente, é por isso que há qualquer coisa nas narrativas de memória como Leite derramado, de Chico Buarque, que nos atrai, que nos faz virar a. (Os olhares nunca miram na mesma direção.) E o que sobra é algo que se parece muito com uma espécie de angústia que atravessa o sujeito para além da representação da vida, que é toda a obra e se materializa em nós como algo pesado, duro. E, assim, o balanço de vida do velho Eulálio vai, aos poucos, sendo também o nosso

Do livro para o leitor: um romance de memórias
Do leitor para o livro: os processos de memória
Uma escrileitura
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