Abstract

O objetivo deste artigo é compreender os usos da noção de “cultura popular” presente nos documentos do Ministério da Cultura (MinC) no governo Lula. Tal recorte se impõe quando se constata que, a partir de 2003, a defesa e a promoção das culturas populares se fazem por meio de novas questões e de uma ampliação conceitual que envolve o patrimônio (material e imaterial), as identidades (no plural) e a diversidade cultural brasileira. A pesquisa documental bem como depoimentos de agentes envolvidos no processo compõem o corpus, para cuja análise utilizamos, principalmente, o aporte teórico de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe.

Highlights

  • The objective of this paper is to understand the uses of the term “popular culture” found in the documents of the Ministry of Culture (MinC) in the Lula government

  • De acordo com o discurso da Secretaria de Projetos e Programas Culturais (SPPC)6, o Cultura Viva “tem por objetivo incentivar, preservar e promover a diversidade cultural brasileira ao contemplar iniciativas culturais locais e populares que envolvam comunidades em atividades de arte, cultura, educação, cidadania e economia solidária” (IPEA, 2010, p. 39)

  • O seu objetivo é ampliar e garantir a inclusão de novos agentes no atendimento das políticas culturais, por meio do repasse de recursos e tecnologias digitais, sem restrição de segmento, expressão cultural, condição social ou posição geográfica às diversas manifestações da sociedade brasileira (DOMINGUES, 2010)

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Summary

Introdução

A cultura vem assumindo, no Brasil, uma crescente centralidade nos projetos de desenvolvimento e de construção da cidadania. Entendendo que a política cultural define conceitos e significados em um campo de enfrentamentos (BARBALHO, 2005), a atuação do Estado na promoção das culturas populares insere-se nos debates acerca da própria formulação da noção “cultura popular” - noção esta que vem sendo construída, diacrônica e sincronicamente, por diferentes grupos políticos, sociais e culturais, o que resulta em uma polissemia de sentidos, muitas vezes dissonantes, e em relações de conflitos e disputas. O discurso se constitui, para Laclau e Mouffe, como uma prática articulatória, ou seja, “toda prática que estabelece una relación tal entre elementos, que la identidad de éstos resulta modificada como resultado de esa prática”. Pode-se entender como os discursos da política cultural, e mais especificamente a construção conceitual acerca da cultura popular, representam uma articulação hegemônica de forma contingente e provisória. O deslocamento é, assim, uma mudança na centralidade de significações, o que expõe as disputas e conflitos que permeiam a prática articulatória na qual as diferenças e significações em disputa conseguiram ser articuladas e determinados sentidos foram hegemonizados

A cultura popular nas políticas culturais no Brasil
Programa Cultura Viva
Ação Ponto de Cultura
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