Abstract

A grande produção e difusão dos livros religiosos durante a Idade Moderna denotaram a essa bibliografia papel relevante naquele período. Além da sua expressividade numérica, as obras religiosas indicavam um leque alargado de preocupações e intenções, visando atender a distintas situações e necessidades tanto dos membros da Igreja quanto dos fiéis. Essa literatura orientava, sobretudo, as práticas religiosas no interior das associações de leigos, tais como irmandades, confrarias e Ordens Terceiras, seja no Reino ou na América portuguesa. A partir do conceito de comunidade de interpretação, cunhado por Roger Chartier, verifica-se a relevância das obras impressas entre os irmãos terceiros franciscanos. Desse modo, a partir da leitura, transcrição paleográfica e análise da documentação produzida pelas Ordens Terceiras franciscanas de Braga (Portugal) e São Paulo (Brasil), ao longo do século XVIII, constatou-se a circularidade dos livros religiosos entre instituições congêneres, bem como os usos destinados a essas obras na conformação de ritos e práticas religiosas.

Highlights

  • A composição do livro com suas páginas encadernadas, a elaboração de obras com um único autor e o uso da língua vernácula, juntamente com a invenção da imprensa, no século XV, são consideradas as mais significativas inovações no universo da cultura escrita (CHARTIER, 2002, p. 23)

  • Estas últimas destinavam-se a qualquer católico e auxiliavam os fiéis durante suas práticas devocionais

  • Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999

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Summary

INTRODUÇÃO

A composição do livro com suas páginas encadernadas, a elaboração de obras com um único autor e o uso da língua vernácula, juntamente com a invenção da imprensa, no século XV, são consideradas as mais significativas inovações no universo da cultura escrita (CHARTIER, 2002, p. 23). O objetivo desse estudo consiste em analisar a circulação dos livros religiosos, a partir da documentação produzida pelas Ordens Terceiras franciscanas de Braga (Portugal) e São Paulo (Brasil), em especial aqueles de cânones, entre instituições congêneres, bem como os usos destinados a essas obras na conformação de ritos e práticas religiosas ao longo do século XVIII. A impressão desse material pela associação bracarense tinha como finalidade tanto de servir aos seus filiados, pois era vendido entre os irmãos terceiros, quanto de atender as demandas de associações congêneres seja de Portugal ou da América. A grande quantidade de compêndios, bem como o patrocínio desse material pela Ordem Terceira de Braga, demonstrava o esforço dos irmãos terceiros em difundir as suas normas inclusive no além-mar, revelando também a existência de uma alargada rede de comunicação entre essas associações. As Ordens Terceiras franciscanas investiam na impressão, adquisição e distribuição de obras impressas, indicando a circulação desses materiais entre as duas margens do Atlântico

A LEITURA E O COTIDIANO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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