Abstract

O presente texto dedica-se ao estudo de Os Papéis do Inglês, de Ruy Du­arte de Carvalho, que busca marcar a legitimidade e o espaço do discurso etnográfico na constituição plena do romance. Abordo três aspectos con­gruentes e inter-relacionados. O primeiro nomeio genericamente como uma epistemologia, em função de a obra nos apresentar diferentes formas de conhecer e lidar com o mundo. A partir do lugar do antropólogo, o narrador propõe uma lógica de simetria e se distancia dos rumos tomados pelo meio acadêmico, voltando-se para a busca da subjetividade de modo relacional, em função dos outros. O segundo aspecto, atrelado ao primeiro, trata da construção da narrativa, o que é exposto tanto no conteúdo, como na forma. Aqui evidencia-se o uso constante de estruturas metanarrativas: o narrador suspende a narrativa a fim de retomá-la, reconsiderá-la e refletir sobre o caminho que ela irá tomar. Os dois aspectos anteriores dão forma a um terceiro, que consiste em uma proposição estética singular. Conclui­-se que o romance mira uma discussão das subjetividades, sempre alçadas em uma relação, cuja experiência é relatada. O romance é formado pelos diferentes discursos, entre eles o etnográfico.

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