Abstract

Esta contribuição insere-se num trabalho mais vasto que temos vindo a desenvolver desde 2014 sobre a pedra lascada do Zambujal, focalizado na caracterização petrográfica, nas estratégias de aquisição e na gestão dos recursos siliciosos.
 O povoado fortificado do Zambujal assume-se como um caso de estudo privilegiado na Estremadura portuguesa, pelo elevado número de artefactos de sílex recuperados associados a um contexto cronoestratigráfico, em particular pela quantidade de pontas de seta proporcionalmente às restantes categorias líticas. Esta questão, juntamente com o facto de terem sido recolhidas naquele local (entre a primeira e a segunda linhas de defesa), reveste-se de grande importância, sugerindo a possibilidade de terem ocorrido conflitos armados entre estas populações ao longo do Calcolítico (3º milénio BCE).
 Neste estudo propomos testar a hipótese da existência de evidências de guerra no Calcolítico com base numa análise funcional (cálculo do índice de penetração - Ipn) e petrográfica (identificação de microfácies, génese e locais de aprovisionamento das litologias) das pontas de seta recolhidas no interior da barbacã da fortificação.
 Em conclusão, estes novos resultados, a partir de “velhos” dados, são o ponto de partida para identificar as estratégias de abastecimento e as fases iniciais das cadeias operatórias das pontas de seta do Zambujal, reconhecendo a existência de complexas redes de circulação de bens no Calcolítico que incluem, provavelmente, estratégias de controlo regional e inter-regional, reflectindo relações de estabilidade ou instabilidade entre as comunidades pré-históricas.

Highlights

  • Na sua maioria, lisos (86%), embora apareçam também serrilhados (14%); de forma recta (65%), côncavo-convexa (14%), convexa (10%) ou sinuosa (7%)

  • Com os valores “Tri/côncava” e “Tri/recta” determinados em conjunto de forma homogénea para todos os sítios

  • Pedra de Ouro e Penedo do Lexim com os valores “Tri/côncava” e “Tri/recta” determinados em conjunto de forma homogénea para todos os sítios

Read more

Summary

Introdução

O povoado calcolítico fortificado do Zambujal localiza-se cerca de 3km a SW da cidade de Torres Vedras (distrito de Lisboa) (Figura 1), no topo de um pequeno esporão na margem direita da ribeira de Pedrulhos, afluente do rio Sizandro. Já com a consciência de que se tratava de um povoado calcolítico fortificado, em 1964, materializou-se a cooperação entre o Museu Municipal de Torres Vedras, através do seu director, Leonel Trindade, o Instituto Arqueológico Alemão, por Hermanfrid Schubart e o “Institut für-und Frühgeschichte” da Universidade de Friburgo, dirigido por Edward Sangmeister. Sangmeister, designadamente os testemunhos de manufactura de cobre (Sangmeister & Gómez 1995) e a complexidade das fortificações, juntamente com os dados geoarqueológicos, que indiciavam uma proximidade estuarina do povoado, contribuíram para tecer um conjunto de questões relacionadas com o tipo e funcionalidade do Zambujal na rede de povoamento e na economia entre o 4o e ao longo do 3o milénio a. A análise comparativa entre as litologias reconhecidas no registo arqueológico (nas pontas de seta) e os materiais geológicos de áreasfonte identificadas, foi apresentada recentemente pela signatária (Jordão & Pimentel 2017)

Materiais e métodos
Síntese tecno-tipológica
Armas de guerra ou de caça?
Caracterização petrográfica
Findings
As pontas de seta como “lugar central” de um discurso
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call