Abstract
Neste trabalho, analisa-se o processo de aquisição dos encontros consonantais tautossilábicos em produções orais de crianças falantes do português brasileiro (PB), com idades entre 1:4 e 5:0 (anos:meses). A aquisição da estrutura CCV tem sido foco de investigação em algumas pesquisas, mas, em boa parte desses estudos, etapas intermediárias de aquisição, identificadas por meio de análises acústicas, não são reportadas. Em trabalhos mais recentes, nos quais a análise acústica desempenha importante papel, identifica-se a existência dessas etapas intermediárias, as quais são evidenciadas pela presença de contrastes encobertos. Busca-se, assim, neste artigo: (i) fazer uma descrição de etapas intermediárias presentes na produção de encontros consonantais, (ii) verificar o emprego do alongamento vocálico enquanto mecanismo de distinção entre sílabas CCV e CV e (iii) verificar se o emprego da aspiração de oclusivas também cumpre função distintiva. Foram analisados dados de fala naturais, gravados em interação entre criança e cuidador, e experimentais, coletados em cabine acústica. Esses dados foram submetidos à análise acústica juntamente a palavras sem encontros consonantais e, por meio da comparação entre medidas acústicas – duração absoluta e duração relativa –, encontraram-se indícios do uso de alongamento vocálico e de aspiração enquanto mecanismos distintivos no processo de aquisição da estrutura CCV.
Highlights
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This work analyzes the process of acquisition of tautosyllabic consonantal clusters in oral productions of child speakers of Brazilian Portuguese (BP), aged between 1:4 and 5:0
The acquisition of the CCV structure has been a focus of investigation in some researches; in many of these studies, intermediate steps, which are identified through acoustic analyses, are not reported
Summary
Por meio da escuta dos áudios, foi feito, para cada coleta, o levantamento de todos os vocábulos contendo encontros consonantais tautossilábicos, os quais foram transcritos foneticamente com base em outiva. Foram considerados todos os vocábulos contendo sílabas com estrutura CCV (ex.: febre, quatro, livro) e outras variações, tais como CCVC (ex.: três, brincar) e CCVV (ex.: abriu). Essas categorias são relativas ao contexto linguístico em que a sílaba se encontrava e aos tipos de produções realizadas na fala. Os grupos em células preenchidas dizem respeito ao contexto linguístico em que a sílaba se encontra, enquanto os grupos em células hachuradas se relacionam às substituições realizadas na fala da criança. Os dados foram contabilizados conforme os diferentes fatores apresentados no Quadro 2. Foram elaboradas planilhas, contendo resultados mensais bem como totais, para cada criança, para que se tivesse um mapeamento do processo de aquisição da estrutura CCV e das principais estratégias de reparo utilizadas individualmente e em diferentes estágios desse processo. Considerando a realização de uma análise de outiva, referem-se a estratégias de reparo como redução de sílaba C1V, V, VV, C2V, CwV, dentre outras
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