Abstract

O esporte, impulsionado pela visibilidade midiática dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo de Futebol, tem promovido a exibição de corpos e subjetividades cujas performances não se limitam à técnica, tática e potências corporais. Esses corpos em movimento performatizam gênero a partir de uma estrutura de repetição cotidiana que produz como efeito a materialização de sujeitos que reiteram, negociam ou mesmo tencionam normas que asseguram privilégios de determinados grupos sociais. A generificação dos corpos no contexto das práticas corporais e esportivas é continuamente atravessada pelas relações de poder, produzindo efeitos que marcam os corpos e resultam em diferentes posições de sujeito. A presença de atletas que performam gêneros e sexualidades que não se enquadram nas estéticas vigentes das cis-heteronormatividades têm fissurado discursos e representações que operam no sentido de normalizar os modos pelos quais os sujeitos aderem a sua prática. Considerando a pluralidade das manifestações corporais e esportivas, este dossiê reúne textos que as tematizam, exemplificando suas dimensões culturais e identitárias bem como as relações e hierarquias de poder que as constituem ou que podem contribuir para contestá-las. Os textos aqui reunidos colocam em evidência diferentes mecanismos por meio dos quais estas manifestações produzem e transformam as normas de gênero e sexualidade, assim como as formas em que atuam para construir, e/ou pôr em xeque, noções sobre os corpos, suas aparências e potencialidades. Frutos de pesquisas elaboradas sob variados enfoques teórico-conceituais, os artigos se debruçam a analisar os atravessamentos de gênero e sexualidade nas especificidades da cultura corporal e esportiva. E mais, evidenciam que a interseccionalidade emerge com força nos estudos atuais, colocando em cena conceitos relacionados à deficiência, classe, orientação sexual e geração. Dos esportes de alta performance, passando por práticas escolares, e pela fruição do lazer, os artigos reunidos neste dossiê, ao serem assinados por pesquisadores/as de diferentes culturas, lugares e gerações, colocam em circulação múltiplos modos de pensar e conduzir suas investigações. Além disso, o número elevado de manuscritos submetidos, bem como o volume de textos aceitos para publicação colocam em evidência dois dados: 1) gênero e sexualidade na intersecção com outros marcadores que têm mobilizado os interesses de um elevado número de pesquisadoras/es; 2) temos presenciado um alto número de investigações, cuja seriedade e rigor teórico-metodológico tem produzido excelentes contribuições para o campo. Como resultado, temos 17 artigos que são precedidos por uma potente entrevista cedida por Bernardo Gonzales, professor transmasculino, ativista pela diversidade e direitos humanos, colunista do @midianinja, associado ao @ludopedio e organizador do @sctmosqueteriosoficial, que, gentilmente, compartilha conosco cenas de sua vida, em especial, a esportiva. Convidamos a todas, todes e todos a se envolverem com esses textos e pensarem na intereseccionalidade que marca a generificação dos corpos na cultura corporal de movimento e nos processos que nos têm permitido ser o que somos nas práticas corporais e esportivas.        

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