Abstract
O irrepresentável é uma matriz teórica recorrente nas análises do documentário subjetivo contemporâneo. Oriunda dos estudos do Holocausto, esta abordagem contém o trauma pessoal e histórico em seu núcleo, fundamentando várias considerações sobre o cinema documental realizado por descendentes de militantes vítimas das ditaduras do Cone Sul. O objetivo aqui é promover uma discussão acerca do representável a partir da análise de Os dias com ele (Maria Clara Escobar, 2013), documentário no qual a filha enfrenta as resistências do pai em relatar as torturas sofridas durante a ditadura brasileira (1964-1985). Os impasses da memória se manifestam com força nesse filme, em diálogos tensos e enquadramentos de um vazio eloquente. Contudo, junto com o reconhecimento das aporias da representação, é possível fazer outras apostas interpretativas. Se os vazios são plenos de significados, os vestígios do passado inscritos nas imagens também merecem atenção. A hipótese é que, no lugar do foco exclusivo nas aporias do irrepresentável, uma interpretação historiográfica dessa obra deve levar em conta, dialeticamente, os vazios e os vestígios da memória. Reivindica-se, assim, uma visada referencial que é não só epistemologicamente possível, mas politicamente urgente face à ofensiva negacionista que ganha cada vez mais espaço no Brasil pós-2018.
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