Abstract

Seja pela excelência em combate, solução de enigmas, edificação de cidades ou mesmo limpeza de estábulos, ao herói associava-se o extraordinário, a condição social ou etiológica especial, a capacidade de superar provas que só a imaginação poderia conceber. Por tal, a memória narrativa do herói antigo sobrevive à passagem do tempo e até ao desaparecimento da cultura que lhe deu origem, através da tradição popular ou pela cristalização da arte de expressão. Ora, pretende-se com este breve ensaio identificar alguns dos mecanismos usados no processo da criação do herói no imaginário coletivo, mais precisamente aqueles que envolvem a imagética animal e a significação simbólica a ela associada, no contexto das culturas do mediterrâneo - tomando essencialmente as fontes literárias como fundamento. Nesse sentido, o nosso objetivo será debater o modo como a imagética animal potenciou e singularizou a concepção do herói e, ao mesmo tempo, explorar o meio e o motivo pelos quais a simbologia animal se cristalizou de forma quase universal.

Highlights

  • O Apontamentos sobre a imagética animal na Hécuba de Eurípides: a caracterização do herói e o símbolo transversal da cadela e do lobo 11 super­‐homem e de modelos associados a este conceito, como seja o célebre passo de sprach Zarathustra de Friederich Nietzsche

  • O herói helénico poderia enquadrar­‐se tanto no plano divino, comohumano – ainda que em narrativas épicas ou fabulares o seu estatuto implicasse uma experiência obtida em ambos os domínios

  • A rainha de Troia transformar­‐se­‐á numa cadela, forçada por um ambiente perverso e um sentimento de vingança pela ninhada perdida

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Summary

Introduction

O Apontamentos sobre a imagética animal na Hécuba de Eurípides: a caracterização do herói e o símbolo transversal da cadela e do lobo 11 super­‐homem e de modelos associados a este conceito, como seja o célebre passo de sprach Zarathustra de Friederich Nietzsche.4. É a tradição popular e o contacto com o mundo natural o definidor das características simbólicas do animal.8 Repare­‐se no exemplo da Hécuba de Eurípides e na metamorfose da personagem homónima, que a dada altura seria anunciada pelo ‘vilão’ da tragédia, Polimestor.9 A rainha de Troia transformar­‐se­‐á numa cadela, forçada por um ambiente perverso e um sentimento de vingança pela ninhada perdida.10 Tal processo de transformação psicológica, mais do que uma metafórica mutação física, contém em si o símbolo de desumanização.

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Results
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