Abstract

O presente artigo discute como, nos anos de 1980 e 1990, foram delineadas importantes formas de dominação e estratégias simbólicas no jornalismo brasileiro. Para tanto, discute as mudanças no mercado de trabalho dos jornalistas, o impacto da exigência legal do diploma para o exercício da profissão, a ampliação do número de escolas e a importância da adoção de regras próprias para a redação jornalística visando à consolidação de um modelo de trabalho e de escrita profissional. Mostra como no conflito entre “antigos” e “novos” jornalistas, que marcou o período, estavam em jogo modificações nas formas de trabalho e de percepção do ofício, nos critérios de hierarquização e de recrutamento social, assim como em sua identidade profissional.

Highlights

  • O jornalismo é uma atividade profissional que se define – autodefine – pela “produção de notícias”

  • As transformações que podem ser observadas nos usos e na variação de significados e de importância entre os dois termos são reveladoras de uma série de mudanças na profissão: nas suas condições de trabalho, nos seus critérios de inserção e de legitimação profissionais, em sua própria identidade profissional

  • A afirmação, hoje, de que o jornalismo é “noticioso”, se lembrarmos de que “notícia” e “reportagem” correspondem a gêneros diferentes de escrita e de tratamento dos fatos, tende a tensionar a “definição clássica” para o ofício e, com isso, também sua própria identidade profissional

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Summary

Introdução

O jornalismo é uma atividade profissional que se define – autodefine – pela “produção de notícias”. O conjunto dessas publicações (os livros que ajudaram a consolidar a imagem do “repórter combatente” como modelo profissional, as teses sobre a história ou a identidade profissional do jornalista, os Boletins da Intercom, os Manuais de Redação das grandes empresas de comunicação e também dos profissionais ligados à Universidade, assim como o Manual de Assessoria de Imprensa da FENAJ) dos anos de 1980 e 1990 – dentre outras iniciativas, como os cursos de formação profissional das grandes empresas – é representativo das mudanças ocorridas nas relações de poder e nas formas de dominação que passaram a marcar o jornalismo brasileiro a partir desse período, as quais tiveram impacto não apenas sobre o recrutamento social da profissão e sua “identidade”, mas também sobre os recentes esforços de elaboração de uma memória e de uma história para a profissão (BERGAMO, 2011, 2014)

A Disputa pelo “Direito Legítimo de Transmissão da Prática Profissional”
A Emergência do “Jornalista Profissional”
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