Abstract

Resumo A Norma Regulamentadora NR 32 objetiva reduzir acidentes e doenças entre os trabalhadores da saúde. Filiando-nos à perspectiva da análise do discurso proposta por Michel Pêcheux, nesta pesquisa tivemos como objetivo compreender o processo de significação em torno de segurança e saúde no trabalho na NR 32 e apreender como este processo significa nas políticas públicas no Brasil. Mostramos que, embora a norma seja um meio de assegurar a segurança e a saúde ao trabalhador, sua discursividade formula a segurança como um mito fundamentado em alegações externas ao processo de regulação das condições de trabalho e alheio às exigências coletivas e culturais de produção. Nesse processo, produz-se a responsabilização do trabalhador convertido em vigilante de si próprio e responsabilizado por isso de maneira individualizada. Pudemos, finalmente, observar um efeito de sentido que indica uma conexão que, na prática, resulta em apoio econômico às empresas que produzem e/ou comercializam os dispositivos de segurança para os materiais perfurocortantes.

Highlights

  • Resumo A Norma Regulamentadora NR 32 objetiva reduzir acidentes e doenças entre os trabalhadores da saúde

  • Queremos chamar a atenção agora para uma instabilidade no nome da norma, enunciada de duas formas diferentes nas disposições e na descrição do Anexo I da portaria n. 485: Portaria n. 485, de 11 de novembro de 2005 - Aprova a Norma Regulamentadora n. 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde)

  • Acidentes do trabalho com material biológico em serviços de saúde brasileiros

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Summary

Abordagem teórica

Esta pesquisa filia-se à perspectiva teórica da análise do discurso,[11] proposta pelo francês Michel Pêcheux e difundida e desenvolvida no Brasil por Eni Orlandi (Pêcheux, 1969; Orlandi, 2012). Na primeira etapa se entrou em contato com o texto (NR 32 e o Guia), procurando analisar sua textualidade por meio de uma análise de natureza linguístico-enunciativa, des-superficializando de modo a desfazer a ilusão de que aquilo que foi dito só poderia tê-lo sido daquela maneira (Orlandi, 2012); na segunda etapa ou passagem da superfície linguística para o objeto discursivo, compreende-se o que está em jogo em termos do funcionamento discursivo, recorta-se o objeto de análise; finalmente, na terceira etapa ou passagem para o processo discursivo, é possível compreender as equivocidades e contradições que configuram a(s) formação(ões) discursiva(s) – aquilo que em uma formação ideológica dada, ou seja, a partir de uma posição dada em uma conjuntura dada, determina o que pode e deve ser dito (Pêcheux, 1975), de modo a relacioná-las à formação ideológica que rege tais relações, levando-se em conta o efeito metafórico, ou deslize – próprio da ordem do simbólico –, que é lugar da interpretação, da ideologia e da historicidade (Orlandi, 2012). Lançando mão de um exercício parafrástico[14] para compreender parte do processo de significação em jogo, temos: Segurança e saúde no trabalho ò òò ò

Saúde Ø do trabalhador
Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde
Possibilidade de exposição acidental a agentes biológicos
Considerações finais
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