ANGÚSTIA, VERDADE E “SUBJETIVIDADE": KIERKEGAARD INFLUENCIANDO HEIDEGGER

Lauro Ericksen

doi:10.15210/dissertatio.v45i0.10028

Abstract

Aborda as influências admitidas e não admitas por Heidegger em Ser e Tempo acerca do pensamento de Kierkegaard. Analisa as notas de rodapé em que tais influências são textualmente aceitas e indicadas como insuficientes para uma apresentação mais robusta de uma crítica metafísica, debatendo os elementos centrais da angústia e da existência que permeiam o embate lançado. Expõe que a crítica heideggeriana ao entendimento de Kierkegaard se apoia em diferenças terminológicas e conceituais da tradição hegeliana, e não propriamente em equívocos no entendimento kierkegaardiano. Pormenoriza as influências kierkegaardianas textuais e oferece outros elementos não admitidos por Heidegger, tais como a verdade e a subjetividade. Aponta a questão da verdade e da subjetividade como o maior ponto de conexão entre os dois pensadores. Conclui que Heidegger opera uma mera remodelagem, sem trazer elementos originalmente dissonantes em sua apresentação, do pensamento kierkegaardiano.

Highlights

The paper discusses the influences of Kierkegaard on Heidegger’s Being and Time
Não se está a dizer que a crítica à metafísica tal como operada por Heidegger seja algo escondido ou indireto, ao contrário disso, certamente sua crítica é direta ao centrar esforços na dualidade sujeito-objeto e na noção de verdade como correspondência, tais elementos são delineados de forma acrisolada em Ser e Tempo
Há de se concluir que não apenas a influência de Kierkegaard sobre Heidegger é salutar, especialmente na sua primeira fase, mas que além de não admitir certos pontos de influência, esses elementos “pretensamente” esquecidos de terem sido mencionados revelam que Heidegger almejava apenas remodelar o pensamento kierkegaardiano, sem, propriamente, fazer uma mudança profunda e radical em suas estruturas mais elementares e básicas