Abstract

Resumo A educação oferece aos mais novos uma herança de conhecimentos e experiências, porém, com a crise da tradição, a relação das novas gerações com esse legado se torna problemática, seja porque ele perdeu sua legibilidade, seja porque é visto como ultrapassado. Este artigo sustenta que, apesar disso, cabe aos herdeiros ler, interpretar e ressignificar essa herança imperfeita. Nessa perspectiva, indaga-se, por um lado, se a tentativa de se apropriar desse legado pode provocar transformações no passado supostamente findo, e, por outro lado, questiona-se em que medida essa herança afeta os que com ela se envolvem. Ponto de partida para essa reflexão são o pensamento sobre educação de Hannah Arendt, em especial, o ensaio “A crise na educação” e a obra Tempo e narrativa de Paul Ricoeur, em particular sua abordagem da leitura no contexto da mímese III. O ato de ler, de acordo com o filósofo, se caracteriza por uma dialética que provoca transformações na narrativa e no leitor. Esse movimento mimético transformador entre leitor e texto ocorre também na dinâmica entre herdeiros e herança, que está no centro da formação dos jovens e das crianças? A partir dessa questão, busca-se estabelecer um diálogo entre a análise de Ricoeur da leitura e a reflexão sobre a tarefa da educação, segundo Arendt, de convidar os mais novos à “leitura” da herança de um mundo que os antecede.

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