Abstract

O quadro geológico do Planalto Ocidental Paulista (220.000 km2) no estado de São Paulo é marcado pela ocorrência de depósitos sedimentares que assoreiam os fundos de vale de primeira e segunda ordem, resultantes de uma excessiva produção de sedimentos, com abrangência regional, num curto intervalo de poucas dezenas de anos. Estes sedimentos têm como origem a manifestação de intensos processos erosivos consequentes à devastação das florestas primitivas, realizada pelo processo de colonização de origem europeia no século XX. Os depósitos podem ser reconhecidos no campo pela alternância nos sedimentos de camadas mais argilosas e mais arenosas, contendo artefatos que constituem indicadores inequívocos de sua origem antrópica. Podem ser detectados em imagens de satélite e em fotografias aéreas que permitem, de uma parte, verificar a extensão de suas ocorrências nos fundos dos vales e, de outra parte, a sua dinâmica ao longo do tempo. Assim, constata-se que ocorrem em toda a rede de drenagem do Planalto Ocidental Paulista, apesar de individualmente ocuparem extensões relativamente reduzidas em cada berço de drenagem. Por apresentarem expressão regional de ocorrência, características persistentes e por representarem um epiciclo geotecnogênico de grande importância, é cientificamente relevante que estes depósitos, que marcam a colonização do Planalto Ocidental Paulista, sejam reconhecidos como uma nova formação: a aloformação Andradina, cujos critérios de definição seguiram o Léxico Estratigráfico do Brasil. A denominação Andradina, além de representar a localidade que teve o primeiro depósito a ser estudado (em 1994), constitui um dos principais locais de referência das pesquisas pioneiras realizadas por Pierre Monbeig, nos anos de 1940, e onde é possível reconhecê-la como um estratótipo, que não é resultante de um evento fortuito ou localizado, mas representa um quadro geológico configurado no Antropoceno, como vem sendo definida a nova época do Quaternário pela Comissão Estratigráfica da IUGS, marcada pela ação da humanidade como agente geológico.

Highlights

  • ANDRADINA ALLOFORMATION: THE ANTHROPOCENE EXPRESSION IN THE WESTERN PLATEAU OF STATE OF SÃO PAULO

  • Oliveira & Queiroz Neto individually their size is relatively small in each drainage. Because of their regional occurrence and persistent characteristics, and because they represent a very important geotechnogenic epicycle, these deposits, which mark the colonization of the Western Plateau, should be defined as a new formation, named “Andradina Alloformation”, according to the Brazilian stratigraphic lexicon

  • The term “Andradina” refers to the city where the first deposit was studied in 1994, to one of the most important sites where Pierre Monbeig conducted pioneering research in the 1940’s, and to the site where the Andradina stratigraphic unit was identified. This unit is not the result of a fortuitous or localized event, but represents a geological feature formed in the Anthropocene, which is a new geological epoch of the Quaternary defined by humanity as a geological agent and proposed by the International Union of Geological Sciences (IUGS)

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Summary

INTRODUÇÃO

Sob a perspectiva do Antropoceno, o planeta Terra passa atualmente por processos geológicos, de dinâmica superficial, que apontam a humanidade como o mais novo e intenso agente geológico. Por isso o Antropoceno vem sendo avaliado como proposta para uma nova época do Quaternário pela Comissão Estratigráfica da IUGS (International Union of Geological Sciences) em seu Grupo de Trabalho sobre o Antropoceno da Subcomissão de Estratigrafia do Quaternário (SQS 2017). Este artigo propõe a criação de uma nova unidade geológica estratigráfica no Planalto Ocidental Paulista, relativa ao Antropoceno na região, correspondente aos depósitos que se formaram nos fundos dos vales, testemunhos da ação antrópica da colonização desse planalto. O artigo, baseado nos fundamentos pertinentes aos conceitos de Antropoceno, depósitos tecnogênicos e aloformações, apresenta o meio ambiente e a colonização do Planalto Ocidental Paulista no século XX, que imprimiu uma nova dinâmica geológica superficial, geotecnogênica, dando origem aos depósitos tecnogênicos dos fundos dos vales da região.

Antropoceno
Depósitos tecnogênicos
Aloformações
QUADRO GEOLÓGICO DO PLANALTO OCIDENTAL PAULISTA
O MEIO AMBIENTE DO PLANALTO PRÉ-COLONIZAÇÃO
A COLONIZAÇÃO DO PLANALTO
A DINÂMICA GEOTECNOGÊNICA
OS DEPÓSITOS TECNOGÊNICOS DOS FUNDOS DE VALE
PROPOSTA DA ALOFORMAÇÃO ANDRADINA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
10 AGRADECIMENTOS
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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